A primeira década do novo século em 500 canções.
Antes que comecem a sair em catadupa, fica aqui uma extensa lista do melhor (sempre relativo) da década que está prestes a terminar.
Saturday, August 29, 2009
Thursday, August 27, 2009
Tuesday, August 25, 2009
Monday, August 24, 2009
já cá estamos outra vez
Friday, August 21, 2009
SW '09 (notas soltas)
Edição 13 do Festival Sudoeste, marcada por alguns contratempos (alteração de datas e horários dos concertos de algumas bandas) e pelo regresso do famigerado pó. No meio de um cartaz uns furos abaixo do esperado (no que ao "peso" dos nomes incluídos diz respeito) cabe destacar, acima de tudo e todos, um nome: FAITH NO MORE!
O Sudoeste, mais do que um festival, é cada vez mais uma "feira" gigante, onde as marcas aproveitam para se fazer notar, ao mesmo tempo que é um complemento perfeito às férias nas praias da zona. Mas isto não é necessariamente mau; a não ser quando a parte musical e tudo o que lhe diz respeito começa a ficar num plano secundário.
O ritual de iniciação nestas lides, para muita gente, começa aqui. Para o ano há mais!
(06/08/09)
- The National
Banda norte-americana a desfiar o seu rock de contornos melodramáticos. Pela segunda vez no SW, os The National tocaram para uma plateia ainda em número algo reduzido, no palco principal, depois da actuação dos The Veils.
Com um alinhamento a viajar pelos dois principais registos («Alligator» e «Boxer»), tiveram o feedback de uma falange de público, claramente devoto da sonoridade dos norte-americanos, liderados por Matt Berninger, a fazer lembrar um Stuart Staples mais introspectivo e um Nick Cave mais expansivo em cima do palco.
- Marcelo Camelo
Ambiente em tons tropicais num palco Planeta SW bem composto para receber o brasileiro (ex-vocalista dos Los Hermanos) que regressava a solo nacional depois da passagem pelo Super Bock Em Stock. O disco «Sou» (que serviu de base à sua actuação), com referências ao universo de Chico Buarque omnipresentes, demonstrou ao vivo uma personalidade própria.
Foi mais um dos artistas deste palco prejudicados pelo som que provinha das redondezas.
- Cool Hipnoise
O combo de funk português por excelência, com um naipe de vocalistas em excelente harmonia entre si (especialmente a enorme Marga). Com um reportório já clássico (já lá vão 14 anos desde o «Nascer do Soul»), o público do palco Positive Vibes (verdadeira imagem de um festival dentro do Festival) vibrou devidamente e correspondeu à energia que provinha do palco.
- Macaco
Escola de Manu Chao devidamente aprendida, Macaco apresentou um concerto/manifesto cheio de referências sociais, políticas, ecológicas... Musicalmente, a "rumba catalana" serve de fundo, juntamente com ritmos afro-funk e alguns laivos de reggae.
Exemplo da globalização musical num único projecto em estreia no SW.
- Fritus Potatoes Suicide
Dupla de dj's do Porto a ter uma prestação bastante consistente (as nuvens de pó levantadas pelos festivaleiros ajudam a confirmar). Escolhas sonoras repartidas entre o techno de boa colheita e o electro-house mais musculado; a adesão do público presente na Groovebox não se fez esperar.
- DeVotchKa
Mais uma passagem por Portugal destes norte-americanos que se apresentam em palco com uma miríade de instrumentos (todos os elementos são excelentes multi-instrumentistas): do violino ao contrabaixo/violoncelo, que se juntam a um xilofone tocado com maestria, guitarra acústica suave, teclados vibrantes, acordeão dos balcãs, theremin hipnótico, conseguindo um som característico e deveras festivo (com influências díspares, da música balcânica à folk mais americana) que, apesar de alguma renitência, foi conquistando o público presente no Planeta SW. Destaque para a excelente versão de "Venus In Furs" dos The Velvet Underground.
- Buraka Som Sistema
Mais um ponto alto na edição deste ano do SW! Pela terceira vez no festival, os Buraka tiveram uma prestação igual a muitas outras no que ao ritmo contagiante diz respeito, com direito ao grupo de percussão Tocá Rufar no início do concerto e durante "Aqui Pra Você" (com o público em absoluto delírio). Provocaram a maior enchente no palco principal, com uma prestação bem conseguida, mas a correr o risco de repetição. No entanto, a fórmula é tremendamente eficaz para o ambiente de festival: mistura entre dj7 e concerto, com as partes de dj a criarem um autêntico ambiente de mega-discoteca ao ar livre.
- Ladyhawke
Primeira (e verdadeira) demonstração de afecto por parte de largas dezenas de fãs que ocupavam a frente do palco Planeta SW. A neo-zelandesa (aka Philippa Brown), dividida entre a guitarra e os teclados, fez-se acompanhar de 4 músicos e apresentou uma actuação segura e bastante competente.
O universo com alguns laivos de new-rave (visualmente) e electro-pop (musicalmente) fez as delícias do público que foi enchendo progressivamente o Planeta SW. Com um som mais orgânico do que o disco (com título homónimo) deixa aparentar, Ladyhawke foi uma boa revelação ao vivo. "Paris Is Burning" foi, seguramente, o ponto alto de uma actuação que merece ter repetição por estes lados.
- Armin van Buuren
Considerado o melhor dj da actualidade pelos leitores da revista DJ Mag (epíteto levado ao exagero), o holandês apresentou um set com base no euro-trance. Nada a acrescentar. Deslocado? Há gostos para tudo...
- Ebony Bones
Concerto curto que teve tanto de estranho como de entranhável. Estranho no visual/apresentação dos elementos (8 no total) que acompanhavam Ebony Thomas a lembrar um "look" moderno primitivo hiper-colorido. Entranhável, aos poucos, a música foi conquistando o público, tendo conseguido as maiores nuvens de pó no palco Planeta SW.
Porta-estandarte da nova vaga underground de artistas femininas no universo da música (especialmente na cena electrónica), Ebony Bones apresentou-se na altura certa (com um disco acabado de sair «Bone Of My Bones», onde mistura com doses equilibradas electro, funk, tribal e algum punk) pela primeira vez em Portugal.
Resultado final: mistura entre o caótico e o saudável de várias matrizes sonoras que povoam a actualidade dos movimentos mais alternativos da cena electrónica. Algo para ouvir e ver, seguramente, mais vezes (o seu regresso já está anunciado para 18 de Setembro na Casa da Música, no Porto).
- Miss Kittin & The Hacker
Groovebox ao rubro! Animação garantida, com casa cheia, a pontuar em beleza a primeira noite (depois da recepção ao campista). O regresso desta dupla, que sabe como ninguém, como se trilham os melhores caminhos do electro-techno!
(07/08/09)
- Mariza
Fado no SW? Quem diria que após 13 anos após o seu início, o SW teria a presença da voz que leva o fado português aos quatro cantos do mundo! Arriscado? Fora de contexto? Inovador? Façam a vossa escolha. O público, claramente de faixas etárias não propriamente consumidoras ávidas deste género musical, gritou e bateu palmas (qual heresia para os mais puristas do fado) no final de cada tema. E Mariza, numa pose de pop-star no seu meio natural, respondeu à altura! Mais um passo na sua carreira de enorme sucesso. Destaque especial para "Hedonism", original dos Skunk Anansie, aqui numa versão completamente inesperada que levou ao êxtase o público do SW.
- The Pinker Tones
Na intitulada Noite de Barcelona, os The Pinker Tones, liderados por Prof. Manso e Mr. Furia, apresentaram-se pela primeira vez em terras lusas. São uma das bandas mais interessantes do panorama electrónico espanhol e a sua vinda só peca, talvez, pelo atraso.
O duo catalão, acompanhado de um terceiro elemento, atrás de maquinaria electrónica vária, com o auxílio de um baixo e bateria electrónica, mostrou ao público que tinha diante de si (maioritariamente vindo de Espanha, aspecto que é cada vez mais notório no SW, de ano para ano) uma electrónica festiva, com várias matrizes, quase sempre em regime "non-stop". Senhores de uma estética visual a fazer lembrar um misto de Kraftwerk e Devo, conseguiram o feedback esperado na noite dedicada, quase em exclusivo, a projectos da cidade condal.
- João Maria
DJ7 na Groovebox de um dos novos talentos em ascensão no panorama do "DJ'ing" nacional. Sonoridades marcadas pelo house progressivo e bem ritmado, a marcar uma passagem de testemunho para Magazino, seu companheiro de editora (Bloop Rec.) que viria a seguir.
- Róisín Murphy
Actuação especial da irlandesa no SW, misto de concerto (3 músicas acompanhadas ao piano) e dj7. Grávida de alguns meses, apresentou-se em palco de pijama e robe (indumentária deveras estranha para uma "fashion diva") e, apesar de alguns problemas de som no início da sua prestação, o público que enchia o espaço à sua frente, rendeu-se em absoluto ao charme (relativo, convenhamos, em relação a actuações anteriores), num ambiente quase de cabaret com bola de espelhos.
- Deolinda
Após a actuação no palco Planeta SW o ano transacto, o projecto Deolinda foi promovido ao palco (principal) TMN numa noite onde o fado e seus derivados tiveram honras de destaque.
"Fado Toninho", com a companhia sensual de dançarinas havaianas foi um, entre vários, destaques da banda liderada por Ana Bacalhau, com uma presença do "tamanho do palco", a fazer lembrar uma verdadeira estrela do rock. Interessante, sem dúvida, constatar como um projecto nacional de qualidade inquestionável, atinge este estatuto (o disco de estreia, «Canção Ao Lado», já atingiu a dupla platina) e o demonstra perante milhares de pessoas, seguramente bastante heterogéneas.
Com uma voz (enorme!) e três instrumentos acústicos se enche o palco principal do SW: "Fon Fon Fon" é acompanhada, pela primeira vez, de uma mini-banda filarmónica, com o som da tuba a ser ouvido pelo instrumento verdadeiro; "Eu Tenho Um Melro" traz consigo todo um imaginário de um Portugal antigo, onde as canções à janela serviam de comunicação entre namorados e somos, inexoravelmente, transportados para um país tradicional mas alegre, cantado pela "voz mais nacional" do momento. Para um final em grande, muito especial, "Movimento Perpétuo Associativo", a tal música que devia ser o hino nacional.
- The Legendary Tiger Man
Apesar do som do palco Groovebox como pano de fundo, o alter-ego de Paulo Furtado tentou apresentar alguns dos temas a incluir no novo disco a sair em Setembro próximo, «Femina». E à segunda música ("Life Ain't Enough For You"), Tigerman abandonou o palco, visivelmente incomodado pelos altos decibéis que provinham do palco vizinho.
Melhor "não concerto" do SW!
- Zero 7
Pela segunda vez no SW, os britânicos fecharam, desta feita, o palco principal com a sua electrónica suave e dançável. Os temas do seu último álbum («Yeah Ghost»), como por exemplo "Everything Up (Zizou)", ganham uma nova pujança ao vivo, com arranjos rítmicos quase hipnóticos. Contudo, a falta da voz inconfundível de Sia Furler é por demais evidente. Prestação razoável, apenas, dadas as condições da banda actuar depois de uma actuação ímpar de Deolinda.
- X-Press 2
Completamente datados, o trio (aqui reduzido a duo) inglês apresentou um set em tons house (algo repetitivo e monótono) e, mais uma vez (e apesar das BPM serem bem mais fortes que as do concerto de Tiger Man), o som da Groovebox influenciou sobremaneira a prestação num palco Planeta SW claramente despovoado.
(08/08/09)
- Faith No More
Onze anos após a última passagem por Portugal, a banda de Mike Patton e companhia regressou a solo luso (onde tinham dado o último concerto antes de se separarem temporariamente) para actuar no SW.
Com um palco parco em elementos cénicos, apenas com uma cortina cor de vinho de fundo, os Faith No More são recebidos euforicamente por um público, hoje claramente com uma falange mais da velha guarda. Com tantos anos de estrada, as músicas continuam tão frescas e pertinentes hoje como na altura em que foram gravadas (algumas com mais de 20 anos). Mike Patton continua o mesmo líder carismático e verdadeiro animal de palco. A facilidade e versatilidade com que consegue mudanças no seu registo vocal é no mínimo, assombroso!
O início, completamente inebriante, ao som da versão "Reunited", clássico "cheesy" da dupla Peaches & Herb não podia ter sido mais pertinente. "Evidence", cantada num português com sotaque brasileiro, teve direito a dedicatória (em tons irónicos?) a Cristiano Ronaldo. "Easy" (original dos The Commodores de Lionel Richie) foi cantada em uníssono com o público completamente rendido e devidamente afinado. Seguiu-se "Ashes To Ashes", num crescendo arrepiante e completamente louco. "Midlife Crisis" apresentou um groove acutilante e absolutamente viciante. Regresso para o encore, feito ao som da versão de "Chariots Of Fire" de Vangelis, seguida de uma "Stripsearch" lânguida . Para o final apoteótico, ouviu-se ainda o clássico incontornável "We Care A Lot", tema-título do álbum de estreia editado no longínquo ano de 1985. Estava feito o concerto do SW'09 e, provavelmente, um dos concertos do ano! Voltem depressa e em força!
- Etienne De Crécy
Espectáculo semelhante ao efectuado no Festival Beat It, no Porto, há cerca de um ano atrás. O DJ e produtor francês actuou no centro de uma estrutura gigante montada no palco, a fazer lembrar o espaço Kubik, debitando sons ligados ao electro e ao techno mais dançáveis, batidas ideais para um bom final de noite.
(09/08/09)
- Bunnyranch
No último dia do SW, os festivaleiros receberam os conimbricenses Bunnyranch, liderados pelo carismático Kaló. Com um público em menor número que no dia anterior, o palco Planeta SW viu uma banda que soube desfiar o seu rock de ambientes blues, como tão bem sabe fazer. Com os novos elementos (João Cardoso nas teclas e Augusto Cardoso na guitarra eléctrica) já completamente entrosados no espírito do grupo, Kaló e companhia apresentaram um alinhamento baseado nos dois registos mais recentes («Teach Us Lord How To Wait» e «How To Wait»), sem descurar os ep's mais antigos.
Destaque especial para os três temas que contaram com a colaboração honrosa do convidado Boz Boorer, guitarrista habitual de Morrissey.
- Lily Allen
Cabeça de cartaz da última noite e em estreia nacional, a inglesa deu um concerto algo morno, pontualmente interessante com os singles mais conhecidos ("Smile", "LDN" e "The Fear"). A sua postura em palco, mistura de "negligé" com sensualidade programada, agradou aos fãs mais acérrimos, mas pouco mais que isso.
Mais uma versão (e foram tantas neste SW!) durante a sua actuação, a já incontornável "Womanizer", que podia muito bem ter sido trocada por algo mais interessante.
- Basement Jaxx
Concerto multidisciplinar, com vári@s vocalistas convidad@s em palco.
Músicas do novo disco «Scars», com o tema homónimo a abrir o espectáculo e "Raindrops" (o single mais recente) a resultar ainda melhor ao vivo; outros pontos altos ouviram-se com "Red Alert", do álbum de estreia «Remedy» e a incontornável "Where's Your Head At?", incluída no disco de 2001 «Rooty», que fechou o concerto e terminou também as actuações no palco TMN. Mais uma excelente passagem (depois de uma primeira vez, em 2005) da dupla britânica vinda de Bristol, constituída por Felix Burton e Simon Ratcliffe.
Como já foi referido, versões foi coisa que abundou neste SW: de Anaquim, com o clássico da animação "Tom Sawyer", a Amy McDonald com "Mr. Brightside" (dos The Killers), Blind Zero com "Where Is My Mind?" (dos Pixies) e "Enjoy The Silence" (dos Depeche Mode), e as já mencionadas "Womanizer" (de Britney Spears) na voz de Lily Allen, "Hedonism" (dos Skunk Anansie) por Mariza, "Venus In Furs" (The Velvet Underground) pelos DeVotchKa, até aos Faith No More (à sua conta ouvimos três: "Reunited", da dupla Peaches & Herb, "Easy", dos The Commodores e "I Started A Joke", original dos Bee Gees), entre muitas outras... que fazem pensar na eterna máxima de Lavoisier, desta feita aplicada ao universo da música: "nada se inventa, tudo se transforma".
O Sudoeste, mais do que um festival, é cada vez mais uma "feira" gigante, onde as marcas aproveitam para se fazer notar, ao mesmo tempo que é um complemento perfeito às férias nas praias da zona. Mas isto não é necessariamente mau; a não ser quando a parte musical e tudo o que lhe diz respeito começa a ficar num plano secundário.
O ritual de iniciação nestas lides, para muita gente, começa aqui. Para o ano há mais!
(06/08/09)
- The National
Banda norte-americana a desfiar o seu rock de contornos melodramáticos. Pela segunda vez no SW, os The National tocaram para uma plateia ainda em número algo reduzido, no palco principal, depois da actuação dos The Veils.
Com um alinhamento a viajar pelos dois principais registos («Alligator» e «Boxer»), tiveram o feedback de uma falange de público, claramente devoto da sonoridade dos norte-americanos, liderados por Matt Berninger, a fazer lembrar um Stuart Staples mais introspectivo e um Nick Cave mais expansivo em cima do palco.
- Marcelo Camelo
Ambiente em tons tropicais num palco Planeta SW bem composto para receber o brasileiro (ex-vocalista dos Los Hermanos) que regressava a solo nacional depois da passagem pelo Super Bock Em Stock. O disco «Sou» (que serviu de base à sua actuação), com referências ao universo de Chico Buarque omnipresentes, demonstrou ao vivo uma personalidade própria.
Foi mais um dos artistas deste palco prejudicados pelo som que provinha das redondezas.
- Cool Hipnoise
O combo de funk português por excelência, com um naipe de vocalistas em excelente harmonia entre si (especialmente a enorme Marga). Com um reportório já clássico (já lá vão 14 anos desde o «Nascer do Soul»), o público do palco Positive Vibes (verdadeira imagem de um festival dentro do Festival) vibrou devidamente e correspondeu à energia que provinha do palco.
- Macaco
Escola de Manu Chao devidamente aprendida, Macaco apresentou um concerto/manifesto cheio de referências sociais, políticas, ecológicas... Musicalmente, a "rumba catalana" serve de fundo, juntamente com ritmos afro-funk e alguns laivos de reggae.
Exemplo da globalização musical num único projecto em estreia no SW.
- Fritus Potatoes Suicide
Dupla de dj's do Porto a ter uma prestação bastante consistente (as nuvens de pó levantadas pelos festivaleiros ajudam a confirmar). Escolhas sonoras repartidas entre o techno de boa colheita e o electro-house mais musculado; a adesão do público presente na Groovebox não se fez esperar.
- DeVotchKa
Mais uma passagem por Portugal destes norte-americanos que se apresentam em palco com uma miríade de instrumentos (todos os elementos são excelentes multi-instrumentistas): do violino ao contrabaixo/violoncelo, que se juntam a um xilofone tocado com maestria, guitarra acústica suave, teclados vibrantes, acordeão dos balcãs, theremin hipnótico, conseguindo um som característico e deveras festivo (com influências díspares, da música balcânica à folk mais americana) que, apesar de alguma renitência, foi conquistando o público presente no Planeta SW. Destaque para a excelente versão de "Venus In Furs" dos The Velvet Underground.
- Buraka Som Sistema
Mais um ponto alto na edição deste ano do SW! Pela terceira vez no festival, os Buraka tiveram uma prestação igual a muitas outras no que ao ritmo contagiante diz respeito, com direito ao grupo de percussão Tocá Rufar no início do concerto e durante "Aqui Pra Você" (com o público em absoluto delírio). Provocaram a maior enchente no palco principal, com uma prestação bem conseguida, mas a correr o risco de repetição. No entanto, a fórmula é tremendamente eficaz para o ambiente de festival: mistura entre dj7 e concerto, com as partes de dj a criarem um autêntico ambiente de mega-discoteca ao ar livre.
- Ladyhawke
Primeira (e verdadeira) demonstração de afecto por parte de largas dezenas de fãs que ocupavam a frente do palco Planeta SW. A neo-zelandesa (aka Philippa Brown), dividida entre a guitarra e os teclados, fez-se acompanhar de 4 músicos e apresentou uma actuação segura e bastante competente.
O universo com alguns laivos de new-rave (visualmente) e electro-pop (musicalmente) fez as delícias do público que foi enchendo progressivamente o Planeta SW. Com um som mais orgânico do que o disco (com título homónimo) deixa aparentar, Ladyhawke foi uma boa revelação ao vivo. "Paris Is Burning" foi, seguramente, o ponto alto de uma actuação que merece ter repetição por estes lados.
- Armin van Buuren
Considerado o melhor dj da actualidade pelos leitores da revista DJ Mag (epíteto levado ao exagero), o holandês apresentou um set com base no euro-trance. Nada a acrescentar. Deslocado? Há gostos para tudo...
- Ebony Bones
Concerto curto que teve tanto de estranho como de entranhável. Estranho no visual/apresentação dos elementos (8 no total) que acompanhavam Ebony Thomas a lembrar um "look" moderno primitivo hiper-colorido. Entranhável, aos poucos, a música foi conquistando o público, tendo conseguido as maiores nuvens de pó no palco Planeta SW.
Porta-estandarte da nova vaga underground de artistas femininas no universo da música (especialmente na cena electrónica), Ebony Bones apresentou-se na altura certa (com um disco acabado de sair «Bone Of My Bones», onde mistura com doses equilibradas electro, funk, tribal e algum punk) pela primeira vez em Portugal.
Resultado final: mistura entre o caótico e o saudável de várias matrizes sonoras que povoam a actualidade dos movimentos mais alternativos da cena electrónica. Algo para ouvir e ver, seguramente, mais vezes (o seu regresso já está anunciado para 18 de Setembro na Casa da Música, no Porto).
- Miss Kittin & The Hacker
Groovebox ao rubro! Animação garantida, com casa cheia, a pontuar em beleza a primeira noite (depois da recepção ao campista). O regresso desta dupla, que sabe como ninguém, como se trilham os melhores caminhos do electro-techno!
(07/08/09)
- Mariza
Fado no SW? Quem diria que após 13 anos após o seu início, o SW teria a presença da voz que leva o fado português aos quatro cantos do mundo! Arriscado? Fora de contexto? Inovador? Façam a vossa escolha. O público, claramente de faixas etárias não propriamente consumidoras ávidas deste género musical, gritou e bateu palmas (qual heresia para os mais puristas do fado) no final de cada tema. E Mariza, numa pose de pop-star no seu meio natural, respondeu à altura! Mais um passo na sua carreira de enorme sucesso. Destaque especial para "Hedonism", original dos Skunk Anansie, aqui numa versão completamente inesperada que levou ao êxtase o público do SW.
- The Pinker Tones
Na intitulada Noite de Barcelona, os The Pinker Tones, liderados por Prof. Manso e Mr. Furia, apresentaram-se pela primeira vez em terras lusas. São uma das bandas mais interessantes do panorama electrónico espanhol e a sua vinda só peca, talvez, pelo atraso.
O duo catalão, acompanhado de um terceiro elemento, atrás de maquinaria electrónica vária, com o auxílio de um baixo e bateria electrónica, mostrou ao público que tinha diante de si (maioritariamente vindo de Espanha, aspecto que é cada vez mais notório no SW, de ano para ano) uma electrónica festiva, com várias matrizes, quase sempre em regime "non-stop". Senhores de uma estética visual a fazer lembrar um misto de Kraftwerk e Devo, conseguiram o feedback esperado na noite dedicada, quase em exclusivo, a projectos da cidade condal.
- João Maria
DJ7 na Groovebox de um dos novos talentos em ascensão no panorama do "DJ'ing" nacional. Sonoridades marcadas pelo house progressivo e bem ritmado, a marcar uma passagem de testemunho para Magazino, seu companheiro de editora (Bloop Rec.) que viria a seguir.
- Róisín Murphy
Actuação especial da irlandesa no SW, misto de concerto (3 músicas acompanhadas ao piano) e dj7. Grávida de alguns meses, apresentou-se em palco de pijama e robe (indumentária deveras estranha para uma "fashion diva") e, apesar de alguns problemas de som no início da sua prestação, o público que enchia o espaço à sua frente, rendeu-se em absoluto ao charme (relativo, convenhamos, em relação a actuações anteriores), num ambiente quase de cabaret com bola de espelhos.
- Deolinda
Após a actuação no palco Planeta SW o ano transacto, o projecto Deolinda foi promovido ao palco (principal) TMN numa noite onde o fado e seus derivados tiveram honras de destaque.
"Fado Toninho", com a companhia sensual de dançarinas havaianas foi um, entre vários, destaques da banda liderada por Ana Bacalhau, com uma presença do "tamanho do palco", a fazer lembrar uma verdadeira estrela do rock. Interessante, sem dúvida, constatar como um projecto nacional de qualidade inquestionável, atinge este estatuto (o disco de estreia, «Canção Ao Lado», já atingiu a dupla platina) e o demonstra perante milhares de pessoas, seguramente bastante heterogéneas.
Com uma voz (enorme!) e três instrumentos acústicos se enche o palco principal do SW: "Fon Fon Fon" é acompanhada, pela primeira vez, de uma mini-banda filarmónica, com o som da tuba a ser ouvido pelo instrumento verdadeiro; "Eu Tenho Um Melro" traz consigo todo um imaginário de um Portugal antigo, onde as canções à janela serviam de comunicação entre namorados e somos, inexoravelmente, transportados para um país tradicional mas alegre, cantado pela "voz mais nacional" do momento. Para um final em grande, muito especial, "Movimento Perpétuo Associativo", a tal música que devia ser o hino nacional.
- The Legendary Tiger Man
Apesar do som do palco Groovebox como pano de fundo, o alter-ego de Paulo Furtado tentou apresentar alguns dos temas a incluir no novo disco a sair em Setembro próximo, «Femina». E à segunda música ("Life Ain't Enough For You"), Tigerman abandonou o palco, visivelmente incomodado pelos altos decibéis que provinham do palco vizinho.
Melhor "não concerto" do SW!
- Zero 7
Pela segunda vez no SW, os britânicos fecharam, desta feita, o palco principal com a sua electrónica suave e dançável. Os temas do seu último álbum («Yeah Ghost»), como por exemplo "Everything Up (Zizou)", ganham uma nova pujança ao vivo, com arranjos rítmicos quase hipnóticos. Contudo, a falta da voz inconfundível de Sia Furler é por demais evidente. Prestação razoável, apenas, dadas as condições da banda actuar depois de uma actuação ímpar de Deolinda.
- X-Press 2
Completamente datados, o trio (aqui reduzido a duo) inglês apresentou um set em tons house (algo repetitivo e monótono) e, mais uma vez (e apesar das BPM serem bem mais fortes que as do concerto de Tiger Man), o som da Groovebox influenciou sobremaneira a prestação num palco Planeta SW claramente despovoado.
(08/08/09)
- Faith No More
Onze anos após a última passagem por Portugal, a banda de Mike Patton e companhia regressou a solo luso (onde tinham dado o último concerto antes de se separarem temporariamente) para actuar no SW.
Com um palco parco em elementos cénicos, apenas com uma cortina cor de vinho de fundo, os Faith No More são recebidos euforicamente por um público, hoje claramente com uma falange mais da velha guarda. Com tantos anos de estrada, as músicas continuam tão frescas e pertinentes hoje como na altura em que foram gravadas (algumas com mais de 20 anos). Mike Patton continua o mesmo líder carismático e verdadeiro animal de palco. A facilidade e versatilidade com que consegue mudanças no seu registo vocal é no mínimo, assombroso!
O início, completamente inebriante, ao som da versão "Reunited", clássico "cheesy" da dupla Peaches & Herb não podia ter sido mais pertinente. "Evidence", cantada num português com sotaque brasileiro, teve direito a dedicatória (em tons irónicos?) a Cristiano Ronaldo. "Easy" (original dos The Commodores de Lionel Richie) foi cantada em uníssono com o público completamente rendido e devidamente afinado. Seguiu-se "Ashes To Ashes", num crescendo arrepiante e completamente louco. "Midlife Crisis" apresentou um groove acutilante e absolutamente viciante. Regresso para o encore, feito ao som da versão de "Chariots Of Fire" de Vangelis, seguida de uma "Stripsearch" lânguida . Para o final apoteótico, ouviu-se ainda o clássico incontornável "We Care A Lot", tema-título do álbum de estreia editado no longínquo ano de 1985. Estava feito o concerto do SW'09 e, provavelmente, um dos concertos do ano! Voltem depressa e em força!
- Etienne De Crécy
Espectáculo semelhante ao efectuado no Festival Beat It, no Porto, há cerca de um ano atrás. O DJ e produtor francês actuou no centro de uma estrutura gigante montada no palco, a fazer lembrar o espaço Kubik, debitando sons ligados ao electro e ao techno mais dançáveis, batidas ideais para um bom final de noite.
(09/08/09)
- Bunnyranch
No último dia do SW, os festivaleiros receberam os conimbricenses Bunnyranch, liderados pelo carismático Kaló. Com um público em menor número que no dia anterior, o palco Planeta SW viu uma banda que soube desfiar o seu rock de ambientes blues, como tão bem sabe fazer. Com os novos elementos (João Cardoso nas teclas e Augusto Cardoso na guitarra eléctrica) já completamente entrosados no espírito do grupo, Kaló e companhia apresentaram um alinhamento baseado nos dois registos mais recentes («Teach Us Lord How To Wait» e «How To Wait»), sem descurar os ep's mais antigos.
Destaque especial para os três temas que contaram com a colaboração honrosa do convidado Boz Boorer, guitarrista habitual de Morrissey.
- Lily Allen
Cabeça de cartaz da última noite e em estreia nacional, a inglesa deu um concerto algo morno, pontualmente interessante com os singles mais conhecidos ("Smile", "LDN" e "The Fear"). A sua postura em palco, mistura de "negligé" com sensualidade programada, agradou aos fãs mais acérrimos, mas pouco mais que isso.
Mais uma versão (e foram tantas neste SW!) durante a sua actuação, a já incontornável "Womanizer", que podia muito bem ter sido trocada por algo mais interessante.
- Basement Jaxx
Concerto multidisciplinar, com vári@s vocalistas convidad@s em palco.
Músicas do novo disco «Scars», com o tema homónimo a abrir o espectáculo e "Raindrops" (o single mais recente) a resultar ainda melhor ao vivo; outros pontos altos ouviram-se com "Red Alert", do álbum de estreia «Remedy» e a incontornável "Where's Your Head At?", incluída no disco de 2001 «Rooty», que fechou o concerto e terminou também as actuações no palco TMN. Mais uma excelente passagem (depois de uma primeira vez, em 2005) da dupla britânica vinda de Bristol, constituída por Felix Burton e Simon Ratcliffe.
Como já foi referido, versões foi coisa que abundou neste SW: de Anaquim, com o clássico da animação "Tom Sawyer", a Amy McDonald com "Mr. Brightside" (dos The Killers), Blind Zero com "Where Is My Mind?" (dos Pixies) e "Enjoy The Silence" (dos Depeche Mode), e as já mencionadas "Womanizer" (de Britney Spears) na voz de Lily Allen, "Hedonism" (dos Skunk Anansie) por Mariza, "Venus In Furs" (The Velvet Underground) pelos DeVotchKa, até aos Faith No More (à sua conta ouvimos três: "Reunited", da dupla Peaches & Herb, "Easy", dos The Commodores e "I Started A Joke", original dos Bee Gees), entre muitas outras... que fazem pensar na eterna máxima de Lavoisier, desta feita aplicada ao universo da música: "nada se inventa, tudo se transforma".
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