Aproveitei o feriado para passar logo cedinho pela sede da Casa de Portugal.
Encontrei isto na caixa do correio. O resto eram folhetos coloridos de pizas e lojas de informática. Tambem umas contas para pagar mas os sócios têm as cotas em dia, não é preocupante...
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1) Com este acordo, Portugal aceita a supressao dos 'c''s com valor de oclusivas velares (chamadas consoantes mudas) nas sequencias interiores 'cc', em que o segundo c tem valor de sibilante (accionar-acionar), cç (acçao-açao) e ct (acto-ato); aceita igualmente na maior parte dos casos, a eliminaçao do 'p' nas sequencias interiores pt (óptimo-otimo) e pç (adopçao-adoçao).
O acordo obriga-nos a dizer ótimo e diretor (que sôa, de facto e como se explica em baixo, a dir'tor). Seria de esperar que se aplicasse o mesmo critério às palavras cujas consantes oclusivas os brasileiros pronunicam mas nós nao (ex:concepçao). Acontece que se o 'p' desaparece de 'acepçao', vai continuar a aparecer em 'concepçao', embora nós nao o digamos. Ou seja, as oclusivas mantêm-se ou eliminam-se conforme sejam ou nao pronunciadas pelo portugues brasileiro. Nao ha nenhuma outra razao que possa explicar porque é que nós devemos suprimir o 'p' de óptimo e manter o de 'concepçao' se nao o pronunciamos em nenhum dos casos.
2) Dá claramente a sensaçao de que o complexo pós-colonial é um dos factores subjacentes a este acordo; o ressentimento contra Portugal que vem sendo comum nas elites políticas e culturais brasileiras é uma espécie de ingrediente mal dissolvido que acaba por afectar a qualidade final do produto.
3) a Riqueza das línguas está justamente na diversidade que adquirem pelo confronto entre a língua mae e as culturas e os dialectos locais. Sao as diferenças antropológicas que geram as mutaçoes da língua. Quando lemos uma palavra que se escreve de maneira diferente em brasileiro, achamos graça e passamos à frente. Nao nos choca nem tem porque chocar-nos.
Nao imagino os ingleses a mudarem palavras e pronuncias por causa dos americanos, nem os espanhóis a fazerem o mesmo por causa da América Latina.
Ainda que a projecçao do português no mundo de hoje se deva em grande parte ao Brasil, como o do inglês se deve aos EUA pela sua influência global e o do espanhol aos sul-americanos pela sua presença nos EUA, a língua é um património identitário ancestral, certamente mutável mas por adopçao natural, por assimilaçao, nunca por decreto ou por motivos de ordem económica e política correspondentes ao prestígio e predomínio de um país em determinado momento histórico.
Diogo
Link:
http://www.ipetitions.com/petition/manifestolinguaportuguesa/
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