Tuesday, October 31, 2006

Na palma da mão



Pensei em não dar relevo ao concerto gratuito que o Jorge Palma irá dar na Pedrera. A última vez que vi o Jorge apercebi-me de que os únicos que vibravam na assistência eram os teenagers. Faz sentido: esse amor puro de 'bairro do amor' cai um pouco por terra depois dessa idade e com ele essas cassetes (hoje mp3) que se ouviam mãos atrás da nuca a olhar para o tecto.

Contudo reli há poucos dias num blog uns versos que me fizeram repensar esse Jorge ‘pinga amor’ que dou a entender no parágrafo anterior e que era a imagem que guardava:

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

(o ultimo verso fica a cinzento porque, insisto já não estamos no primeiro parágrafo).


Poder ouvir estas frases no Passeig de Gràcia ícone do consumo desmesurado, desnecessário e vão, tocar-me-á forte, não nesse coração outrora puro e sonhador, mas no sentimento de constante frustração contra esses focos que encandeiam (cada vez que pisamos as ruas desta cidade) apontados ao nosso cartão de crédito.

Para os estrangeiros que me lêem (agradeço o esforço) ir-se-ão cruzar com certeza com o Jorge Palma no dia em pretenderem entrar nesse périplo da música portuguesa. Portanto se desconhecem, não faltem e se conhecem também não.

Concertos gratuitos amb reserva al 902 400 973:

Jorge Palma - 16 de novembre
Lloc: Sala Gaudí. La Pedrera. Passeig de Gràcia, 92. Barcelona


G – cansado de: só poder comprar produtos inflacionados, ser mal atendido, esperar em filas demasiado grandes, sorrisos forçados por operadoras de caixa e de não conseguir controlar as tentações urbanas...


Sunday, October 29, 2006

La Iberia deseada

El 45,6 % de los españoles encuestados está a favor de la unión de España y Portugal. Una cifra mayor que el 28% de los lusos que defienden la misma idea.

Toda a notícia no site da revista Tiempo que publicou sondagem feita pelo IPSOS.

Quase metade dos espanhóis (45,7%) querem a união entre Portugal e Espanha, com a maioria a defender que o novo país deve chamar-se Espanha, ter Madrid como capital e manter o regime monárquico.

A sondagem surge depois do semanário português Sol ter revelado uma sondagem que indicava que 28% dos portugueses favorecem a união com Espanha e que citámos na casa.


imagem El País de 29 Setembro

Thursday, October 26, 2006

Crise em Portugal foi tema de documentário transmitido pela televisão espanhola

A crise em Portugal foi tema de um documentário de 45 minutos transmitido no programa "En Portada", um dos principais espaços de grande reportagem do canal 2 da televisão espanhola, TVE.

A descrição foi a de um país que "é o mais desigual da Europa, onde 20 por cento da população roça a pobreza" e no qual a população vive "com a auto-estima mais baixa da UE a 25", num clima de "depressão e desânimo".

Percorrendo Portugal de Norte a Sul e registando declarações de membros do Governo, especialistas, académicos, autarcas e cidadãos anónimos o programa abordou alguns dos aspectos mais preocupantes da realidade social e económica portuguesa.

Temas como a desertificação, o isolamento do interior, o fecho de serviços de saúde e escolas devido ao despovoamento de várias regiões, a burocracia, os atrasos nas obras e as perdas de empregos na indústria marcaram a viagem da equipa de reportagem espanhola.

O documentário visitou, entre outras, povoações como Escalhão, próximo do Vale do Côa, onde um pastor dizia que "até as pedras levam", numa referência à venda de granito para Espanha.

A aldeia de Rabal, Bragança, a cidade de Mirandela, em Trás-os-Montes, as lotas de Peniche e de Lagos foram algumas das regiões percorridas. Ao longo dos 45 minutos, o documentário descreveu a situação que vivem povoações isoladas "onde o ciclo vicioso" do despovoamento levou os habitantes a sentirem-se isolados e esquecidos pelos centros de poder.

"A economia expandiu-se, com a adesão à Europa, mas não se modernizou", referia o documentário, notando, por exemplo, a falta de modernização de algumas fábricas têxteis ou as dificuldades da frota de pesca portuguesa que traz para terra apenas 25 por cento do que o país consome.

O documentário incluiu referências aos 60 milhões de euros acima do previsto que custaram os estádios do Euro 2004, aos atrasos na extensão do Metro e no Túnel do Marquês.

Difícil situação económica

Com declarações de Victor Constâncio, sobre o défice das contas públicas, do ministro da Economia Manuel Pinho, sobre os objectivos do Governo de "ajustar as contas públicas e estimular empresas privadas", o documentário procurou apresentar um retrato da situação económica em Portugal. Referiu, por exemplo, que "no meio da crise o sector da banca registou um aumento de 30 por cento nos lucros" e que, "numa contradição evidente" Portugal tem "um dos espaços comerciais maiores da Europa". "Apesar de tudo o consumo teima em não baixar", comentou o autor da reportagem.

Aludindo à governação de José Sócrates, o documentário referiu que o primeiro-ministro "não tem contestação no Governo", que as críticas da oposição "são débeis" e que, ao fim do mandato "o sucesso ou o falhanço da agenda de governação dependerá exclusivamente do chefe do Governo".

Apesar da crise, o documentário dá conta dos esforços em várias áreas para ultrapassar a situação, modernizar a indústria, requalificar zonas turísticas no Algarve e reforçar o investimento em investigação e tecnologia.

Como exemplo cita o sucesso de algumas fábricas de têxtil e calçado, o modelo adoptado na AutoEuropa e os avanços no sector da cortiça, visitando ainda o centro de formação de Famalicão.

Igualmente a merecer atenção a tentativa de várias zonas mais isoladas do interior português de apostarem em acções conjuntas transfronteiriças com vizinhas espanholas, no intuito de criar "euro-regiões" que possam beneficiar de mais apoios europeus.

"É um país sereno, educado, por vezes lento, que luta à sua maneira para sair da crise. Das várias crises", conclui o documentário.

Wednesday, October 25, 2006

Dose cultural recomendada:

- Isan + Iris (29/10 na La 2);
- Carles Santos. Visca el piano (até 5/11, na Fundació Joan Miró);
- In-Edit Beefeater (26/10 até 2/11);
- Concerts de petit format a la Pedrera (até 27/11);
- Artfutura (26/10 até 29/10, Mercat de les Flors).

Tuesday, October 24, 2006

Enquanto deixava o jantar a apurar...

...isto servia de som de fundo.
vejam (ou revejam) a protagonista (talvez vos lembre alguém conhecido, não necessariamente a Nadia Comaneci...).

Monday, October 16, 2006

Camprodon

Na cidade, a metáfora: empurre, compre, feche a porta, saldos, desconto, proibido, elevador, obrigatório, só com cartão, zona wifi, já à venda, linha 3, das 8 às 14h, vermelho, 10%, desconto, novo álbum, 8h46, saída, 50, vote, 112, coma, só até novembro, dieta, canal 3, direita, envie dinheiro, vendo apartamento, kiss me, abro fechaduras, solário, em obras, locutório, beba, vista, 2 por 1, não tirar fotografias, proibido skate, não fumar, silêncio, pensa, corre, tire a senha, respeite os vizinhos, está a ser gravado, proibida a entrada a animais, cheques só visados, 2as fechado.

No campo, outono.

Sunday, October 15, 2006

Encornamento Espanhol

Vejam como um programa de rádio espanhol em que uma rapariga, para ganhar um leitor de mp3, tem de dizer ao seu namorado que o traiu, pode acabar de uma forma muito inesperada!

http://media.putfile.com/Encornamento-Espanhol

Sem desculpas?!

Thursday, October 12, 2006

Dia do Cronista Desportivo

...porque nem só de Hispanidade e de Virgem do Pilar vive este dia 12 de Outubro, aqui fica a menção a mais um dia internacional!
Para breve espera-se o início das crónicas sobre a Liga dos Últimos!

Ah... o Dia Internacional da Música foi no passado 1 de Outubro! Aqui nesta Casa costuma ser celebrado todos os dias. Façam o mesmo...

A (des)propósito do Dia da Hispanidade... e dos 28% de portugueses que pensam ter nascido do lado errado da fronteira

Portugal vale a pena


"Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade de recém-nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia.

Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores. Mas onde outra é líder mundial na produção de feltros para chapéus.

Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados. E que tem também outra empresa que concebeu um sistema através do qual você pode escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.

Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico de pagamentos nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou vários prémios internacionais. E que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, onde se fazem operações que não é possível fazer na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos. Que fez mesmo uma revolução no sistema
financeiro e tem as melhores agências bancárias da Europa (três bancos nos cinco primeiros).

Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da produção de energia através das ondas do mar. E que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de toda a Europa por via informática.

Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas que desenvolveram sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a pequenas e médias empresas.

Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar para a NASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau de exigência. Ou que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas. Ou que vai lançar um medicamento anti-epiléptico no mercado mundial. Ou que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça. Ou que produz um vinho que "bateu" em duas provas vários dos melhores vinhos espanhóis. E que conta já com um núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência Espacial Europeia. Ou que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamentos de cartões pré-pagos para telemóveis. E que está a construir ou já construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pouco por todo o mundo.

O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive – Portugal. Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses.

Chamam-se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Primavera Software, Critical Software, Out Systems, WeDo, Brisa, Bial, Grupo Amorim, Quinta do Monte d'Oiro, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services. E, obviamente, Portugal Telecom Inovação. Mas também dos grupos Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo.

E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País, mas dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses, que há anos e anos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (que desenvolveu em Portugal um sistema em tempo real que permite saber quantas refeições e de que tipo são vendidas em cada estabelecimento da cadeia norte-americana).

É este o País em que também vivemos. É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamente sempre na cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, e com problemas na saúde, no ambiente, etc. Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que não acompanhou o progresso. Do que se atrasou em relação à média europeia.

Está na altura de olharmos para o que de muito bom temos feito. De nos orgulharmos disso. De mostrarmos ao mundo os nossos sucessos – e não invariavelmente o que não corre bem, acompanhado por uma fotografia de uma velhinha vestida de preto, puxando pela arreata um burro que, por sua vez, puxa uma carroça cheia de palha. E ao mostrarmos ao mundo os nossos sucessos, não só futebolísticos, colocamo-nos também na situação de levar muitos outros portugueses a tentarem replicar o que de bom se tem feito. Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados, porque não hão-de os bons serem também seguidos?"



Nicolau Santos, Director-adjunto do Jornal Expresso

In Revista Exportar

Wednesday, October 11, 2006

A minha versão é melhor que o teu original #1



...porque há músicas que merecem ter mais que uma voz que lhes dêm vida e alma!

Monday, October 09, 2006

Ecos da montanha

Ontem lá consegui apanhar a meia-horita final do documentário do Edgar Pêra sobre o Carlos Paredes. A estranheza de ouvir português a ecoar no hall do CCCB levou-me a analisar o próprio idioma como se também de música se tratasse. É impressionante a dimensão do português falado, fértil em transmitir sensações para lá das próprias palavras. São só palavras...mas são muito mais do que palavras. Do outro lado, na cadeira ao lado, aqueles (muitos) que ali se encontravam alimentando-se à base de legendas, assistindo a uma versão sem açúcar do documentário.


A título de exemplo, a passagem do "rapazito" do hotel a quem Carlos Paredes dedicou um tema, já findo o concerto, já de regresso ao hotel, talvez com sede dum copinho de leite morno ou de uma águinha das pedras:

"-Oh Sr. Carlos, não consegui arranjar bilhetes para ir vê-lo. O meu irmão foi, mas eu não, além disso trabalho de noite sabe... e é complicado poder ir a estas coisas. Quando soube que cá ia ficar [no hotel], saltei de alegria. Adoro a sua música...Eh pá, sabe lá o Sr. como gosto de ouvi-lo..."

Naturalmente, que já não consigo transcrever o discurso (directo) que alguém ouviu anos atrás no bar, após levar o grande Paredes ao hotel. Mas não foi muito diferente disto que se disse.
Certo é, que os presentes que não liam legendas, vimos o rapaz emergir da boca do narrador, atrás do balcão, a simular que secava a baixela, sem conseguir tirar os olhos de Paredes, sem sequer conseguir pô-los dada a grandeza do ídolo, devoto, simpático, humilde mas fora de si (quase vivemos na primeira pessoa esse momento mágico). Talvez até o consigamos vestir no seu traje hoteleiro (mangas que lhe ficavam um pouco compridas - talvez o fato o dividi-se também com o irmão) e todos compreendemos que o peso da sua ausência ao concerto somado à bondade de Paredes culminaram num dedilhado intimo com cheiro a fumo de Português Suave e a vapores de máquina de café...

É certo que um blog nada tem de falado e portanto é obvio que a dimensão que vos quero transmitir se castra a si mesma por vos estar a escrever...

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Alguém me terá de explicar porque é que, no dia anterior, o debate do filme da Catarina Alves Costa sobre a obra do(a) Siza Vieira em Cabo Verde foi anterior à projecção do filme.

Bem... é melhor não pôr epitáfios a um evento gratuito, a que assisti tão pouco e que tanto me satisfez.

Friday, October 06, 2006

Docúpolis


Portugal es el país homenajeado en la 6ª edición del Festival
Internacional Documental de Barcelona – Docúpolis. Del 4 al 8 de octubre, en el CCCB, se presentarán nueve películas, cortos y largos metrajes, representativos de los ultimos diez años de la producción de documentales portugueses :







Miercoles 4 de octubre, Hall del CCCB

16:00 Margens, de Pedro Sena Nunes , 1995, 28' VOSE
16:30 Kuxa Kanema, de Margarida Cardoso 2003, 52' VOSE

Jueves 5 de octubre, Hall del CCCB
16:00 A Dama de Chandor ,de Catarina Mourão, 1998, 90', VOSE

Viernes 6 de octubre, Hall del CCCB
16:00 Um Outro País, de Serge Tréfaut, 1998, 70' VOSE
17:15 Naturaleza Morta, de Susana de Sousa Dias,2005, 72' VOSE

Sábado 7 de octubre, Hall del CCCB
20:00 Debate con la presencia de José Manuel Costa (a confirmar) y de los directores Catarina Alves Costa y Edgar Pêra. Se debatirá el documental portugués, su especificidad, y su contexto dentro de la cinematografia portuguesa.
21:00 O Arquitecto e a Cidade Velha, de Catarina Alves Costa, 2003, 72'
VOSE

Domingo 8 de octubre, Hall del CCCB
12:00 Onde jaz o teu sorriso, de Pedro Costa, 2001,105' VOSE
Impendig Doom, de Edgar Pêra, 2006, 7' 35 VOSE
16:00 Movimentos Perpétuos – Cine-tributo a Carlos Paredes, de Edgar Pêra, 2006, 70' VOSE


Procur.arte – Associação Cultural e Social, con el apoyo del Instituto Camões y del ICAM, ha organizado y programado la Muestra de Cine Documental Portugués.
http://www.procurarte.org