E assim se repetiu vários anos por esta altura.
O despedir-me da minha avó, que censurava a excursao familiar com medo que aparecessemos no telejornal.
O tacho embrulhado num jornal atado com guita, que se cortava e destapava a meio da viagem.
O meu pai que escolhia uma roupa que era qualquer coisa entre hippie e condutor de pesados.
O mini que parecia ficar mais nervoso que o normal, na forma como se fazia às curvas e como nos empurrava as costas na 3a velocidade.
GNR espalhados pelos cruzamentos, outros afunilando filas de carros para estacionamentos improvisados de forma desordeira e permissiva.
O cordao humano a subir a serra da Lousa, a encosta riscada na vertical por pessoas em esforço ajudando-se mutuamente. Partes havia que tinham de ser de maos nos chao e às vezes com outro a empurrar.
A escolha de um lugar à sombra e estrategicamente elevado sobre uma curva.
O calao frequente, o incomum à vontade entre desconhecidos, garrafoes de vinho poisados na sombra, as mantas no chao, e as bocas às miudas que disfarçavam num esforço em vao fingir que nao era com elas.
O sabichao com uma tabela nas maos a dar palpites sobre pilotos e veiculos.
O cheiro da mata e as acácias em flor.
A sombra do helicoptero a pairar sobre a ramagem das arvores.
O silencio do nervoso colectivo que antecedia a prova.
Policias de peito feito a fazer cumprir as regras de seguranca nas curvas perigosas.
Os espinhos que se enfiavam nos dedos e que à noite eram removidos com uma agulha.
As arvores unidas por fita plastica vermelha e branca, que se ia despedaçando aos poucos.
A piada fácil no aplauso ao zero-zero.
Tuesday, March 13, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment