foi tudo bastante inesperado, de um mes para outro os idosos e os media deixaram de se preocupar com o comportamento incivico dos ciclistas. O rumor do uso de capacete obrigatório caíu por terra. Das luzes, matrícula e control de alcoolémia deixou pura e simplesmente de se falar. Coincidencia?! Compadrio político?! Um pouco das duas com certeza porque infraestruturas desta dimensao nao se fazem sem a conivencia dos que estao no poder.
Já passaram 3 meses, desde q a cidade se inundou de bicicletas vermelhas com brancos pára-lamas (já nao se chamam assim, também já nao há carreiros de terra-batida). A adesao foi imensa, ja contam com 50.000 utentes nestes 3 meses. Velhos e novos todos quiseram mostrar mais um cartaozinho electronico na carteira. E os passeios encheram-se de barras de ferro perfuradas com um obelisco electronico na extremidade.
O inicio foi um mar de rosas, máxima disponibilidade, sistemas de mudanças de ultima geracao, travoes que faziam envergonhar carros com abs, yuppies cheios de estilo com portáteis na cesta frontal. Os luso cépticos contrapunham com reticencias em conversas de café, os casos pior conseguidos como as Bicas de Cascais (que viram o desaparecimento de bicicletas obrigar a um estrito control de bilhetes de identidade num horario diurno bastante limitado e inadequado para profissionais) e Aveiro (onde a fé na boa-fé dos utentes resultou na destruiçao das simpaticas Bugas muitas delas mortas por afogamento nas profundezas da ria). Do outro lado, os optimistas exclamavam, aqui é que se faz um trabalhinho em condicoes, investiu-se em veiculos de qualidade, com peças robustas, munidos de parafusos sem ranhura e de encaixes anti-roubo. Claro está que os cépticos como cépticos só fizeram o cartao passados uns tempos e os optimistas à primeira oportunidade meteram 3 moedas de dois euros na ranhura da internet. Os optimistas estrearam veiculos: testaram travoes e mudancas e publicitaram as vantagens do novo transporte. Os cepticos talvez tenham entrado pós periodo de inflexao: a barra sem bicicletas disponiveis, o parking full, os travoes manhosos, as mudancas a travar a suavidade da bicicleta, banco solto e desconfortavel e o sistema informatico em manutencao q obriga a andar a circular pelas estaçoes Bicing, com o cronometro mental já nervoso ao melhor estilo voz do Iládio Climaco num cretino desafio de jogos sem fronteira!
Anseamos que a situacao se estabilize... já me custa decidir se entrar no escuro e fiavel metro ou exercitar as pernas arriscando dar ao pedal. Nao há só vandalos nem só visionarios... fica a tentativa de se construir um mundo melhor... Se a coisa nao se compuser, ja sabem, remendem o pneu da mountain bike na varanda e voltem à seca dos cadeados, já todos percebemos que dá para chegar ao destino a pedalar.
Avenida Diagonal 3 de Julho de 2048
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1 comment:
é verdade que ouço a ruc muitas vezes, e nem sou de coimbra, nem estudei por lá... mas claro que essa gente que fui seguindo atrás do rock já me contagiou o gosto por alguns muito bons programas que a ruc tem... está aqui sempre sintonizado no i-tunes :)
e também gosto de ouvir os relatos dos jogos da académica... ouvi uma vez, diverti-me imenso com os comentários... vou voltando :)
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