Tuesday, July 24, 2007

Cinema i Bany - si us plau!

o sol parece já vir a pique, são 9 da manhã.
na noite mal dormida,
a saudade de outros festivais,
bem mais refrescantes
"cinema i bany"
nas piscinas picornell.


1993-2004 "cinema i bany"






e lá vimos o Taxi Driver às 2 da manhã, filme acabado às 4am e até às 6 fomos olímpicos.


Sailing over
Coney Island
Twinkle twinkle Uncle Floyd
We were dumb
but you were fun, boy
How I wonder where you are
Oo-o
Sailing


Slip Away - David Bowie (Heathen)

Sunday, July 22, 2007

SUMMERCASE 07 - Impressoes Digitais (II)

Sábado, 14

- The Hours
Os The Hours, novo projecto de Anthony Genn (antigo membro das Elastica e Pulp) e Martin Slattery (ex-Black Grape), sao um quinteto bem oleado, cuja sonoridade (nao sendo de todo muito original) anda à volta do rock mais melódico e algo épico (grandemente devido ao ambiente imprimido por um piano à Manic Street Preachers). O vocalista faz uso de um timbre de voz deveras interessante, ao mesmo tempo que utiliza a guitarra para provocar um ritmo quase viciante em cada música.
Sao um grupo apadrinhado por esse grande "dandy" inglês, Jarvis Cocker de seu nome (que viria a pisar o mesmo palco horas mais tarde), o que é sinónimo de alguma qualidade.
Resultado: podem nao ser já um fenómeno, mas têm potencialidades para tal.

- Perry Blake
Em pose bastante intimista, este irlandês deu um concerto para os que se dignaram rumar ao palco/terminal S (escassas centenas àquela hora da tarde), acompanhado de dois elementos (um ao piano e outro à guitarra).
Com o tom que lhe é característico, o "crooner" apresentou um alinhamento que continha algumas das melhores cançoes do seu reportório (incluindo do último longa-duraçao "The Canyon Songs").
"Genevieve" (pertencente ao excelente "Broken Statues" de 2000) foi um dos momentos mais intensos pela forte sensaçao de quase transcendência provocada pela voz de Blake.
Claramente vocacionado para espaços fechados e mais acolhedores, uma actuaçao de Perry Blake é sempre motivo para ser vista, pela qualidade das cançoes (com algumas das letras mais emotivas escritas por alguém, cuja traduçao para português já existe por aí numa livraria bem recomendada).
Um concerto para ver e sentir mais vezes.

- Badly Drawn Boy
Concerto dividido em duas partes: a primeira acompanhado por uma banda (composta por 4 elementos); a segunda, essencialmente a solo (à guitarra ou ao piano). Esta segunda parte foi claramente mais interessante, nao só pelo conteúdo/alinhamento apresentado (com o clássico "The Shining" incluído no magnífico álbum de 2000 "The Hour Of The Bewilderbeast", brilhante e cheia de sensibilidade acústica), mas também pela simplicidade e autenticidade que as cançoes ganham (como se estivessem em estado puro, qual diamante por lapidar). No geral, foi algo morno, mas a voz de Damon Gough é uma mais-valia que nem todos podem almejar.
Entre a folk mais intimista e acústica (lembrando algumas fases de Bruce Springsteen) e a pop mais convencional se delineou a sua actuaçao, cujo ponto alto culminou com "Silent Shout" (incluída na banda-sonora de "About A Boy") a encerrar a sua actuaçao.
Com um alinhamento e uma versao das músicas algo mais efusivos e talvez tivesse sido um dos melhores concertos de todo o festival. Assim, foi só bom.

- James
Regresso destes senhores de Manchester às lides dos palcos. Necessidade financeira a falar mais alto? Para os milhares de fans que se concentravam à sua frente, decerto que isso era o menos importante. Mais ainda quando o alinhamento foi (quase) todo ele em regime de "best of". Talvez os concertos devessem ser todos assim. Para ouvir o resto das cançoes que muitas vezes só servem para "encher" no alinhamento, existem os CD's ou discos em casa!
Tim Booth e restantes companheiros ainda mostram estar em boa forma (ao contrário de outras bandas do mesmo período musical) e desfilaram temas como "Tomorrow", "Born Of Frustration", "Sit Down" (o seu melhor tema, que lhes abriu as portas para as "massas", com essa letra anti-solidao que canta: "Those who feel the breath of sadness, Sit down next to me, Those who find they're touched by madness, Sit down next to me, Those who find themselves ridiculous, Sit down next to me, In love, in fear, in hate, in tears..."). Todo um hino pop! Para os mais nostálgicos e fans incondicionais. Pelo meio houve dois singles novos ("Who Are You" e "Chameleon") cuja relevância foi quase nula.
O melhor momento chegaria no final (já no "encore") com "Come Home" transfigurada num som mais que "Madchesteriano", a provocar alguma nostalgia desses tempos idos.

- My Brightest Diamond
O diamante mais brilhante talvez nao seja, mas que pode (e deve) ser muito bem polido, lá isso é verdade.
Projecto de Shara Worden (que fez parte das vozes no álbum "Illinois" de Sufjan Stevens), apresentado em versao trio, a fazer lembrar algumas actuaçoes de PJ Harvey no seu início de carreira. Alguma rudeza nas guitarras, a voz algo dolente e sempre no limite, numa atmosfera de viagem sem destino marcado. A presença (quase fantasmagórica) de Edith Piaff também andou por aqui; mas Patti Smith e Laurie Anderson também ajudaram.
As músicas mais calmas e algo introspectivas tiveram um "feedback" bastante positivo por parte do público, que recebeu com agrado e atençao a folk da artista norte-americana.
Tem vários caminhos por onde seguir. Todos eles muito recomendáveis.

- Soulsavers feat. Mark Lanegan
Uma das parcerias mais interessantes da actualidade, a dos ingleses Soulsavers com uma das grandes vozes do movimento grunge, Mark Lanegan (vocalista dos extintos Screaming Trees). A banda de Ian Glover e Richard Machin têm apenas dois discos lançados (ouça-se o fantástico "It's Not How Far You Fall, It's The Way You Land", álbum que se seguiu ao primeiro "Tough Guys Don't Dance" de 2003), mas sao dos projectos mais interessantes e consistentes para se escutar e ver em palco.
Se juntarmos à base instrumental mais que coesa e que condensa os melhores ingredientes do rock alternativo (Yo La Tengo, Mudhoney), com a voz grandiloquente de Mark Lanegan, o resultado obtido é algo parecido a um "crossover" entre o blues urbano mais escuro e a electrónica mais dramática. Esta mistura entre tecnologia e tradiçao é apresentada em concerto com os elementos em palco discretos mas sóbrios, onde souberam dar uma liçao de como tocar boa música e encher o ego dos ouvintes.
As guitarras sao densas, as vozes "soul" negras (a secçao de coros funciona como um bom contra-ponto à voz, por vezes pantanosa e algo crepuscular, do senhor Lanegan), os ambientes criados sao planantes (a roçar as nossas cabeças e ouvidos).
A fechar a actuaçao, uma versao fantástica de "Some Velvet Morning" de Nancy Sinatra e Lee Hazlewood. Só recomendado para pecadores com amnésia. Do melhor que se ouviu neste dia.

- Dragonette
Mais um projecto oriundo do Canadá (com elementos ingleses pelo meio), um dos "viveiros" mais profícuos em questao de exportaçao de alguma da melhor música feita na actualidade, mas sem a categoria dos seus compatriotas (exs: !!! e The Hidden Cameras, também presentes neste festival).
Quarteto liderado por uma vocalista, Martina Sorbara (que diz ser adepta de praias naturistas), nao vao além de uma pop com laivos algo adolescentes, com reminiscências de Duran Duran, mas sem voz nem base instrumental para se aguentarem.
Pela segunda vez em Barcelona, mas sem convencerem.

- Jarvis Cocker
A voz para sempre ligada aos Pulp (ou será ao contrário?) apresentou-se em palco acompanhado de 5 músicos, que em muito contribuíram para "encher" o som das cançoes do "dandy" inglês cheio de estilo.
Presença habitual por estas paragens, nomeadamente na versao DJ, Jarvis Cocker é um ícone da comunidade "indie" e, como tal, o palco/terminal S estava completamente cheio para ouvir as pérolas sonoras (algumas do último longa-duraçao intitulado simplesmente "Jarvis") deste grande compositor.
Por vezes munido de uma guitarra acústica, é a voz que serve para cativar o público e Jarvis Cocker mantém um timbre vocal intacto (se compararmos com os inícios "Pulpianos"), o que em muito contribui para uma actuaçao completamente reconhecível para qualquer melómano.
Pena ter actuado à mesma hora do "mago" DJ Shadow. Sao assim estes festivais...

- DJ Shadow
Um autêntico "live", com verdadeira recreaçao das músicas inventadas por este génio da electrónica, baptizado com o nome de Josh Davis, mas musicalmente conhecido por DJ Shadow.
Fazedor de um hip-hop plurifacetado e algo erudito, DJ Shadow é muito mais que isto. Ele é um autêntico explorador que conseguiu levar o hip-hop a níveis inimagináveis por volta de 1990, através da sua prodigiosa técnica de collage e pelo seu interesse por ritmos mais abstractos (o último "The Outsider" continua essa busca incessante). Shadow consegue ir a vários estilos dentro da mesma música (do rock mais pesado ou melodioso, ao "scratch" mais corrosivo do rap).
Acompanhado (?!), nao por outros músicos (tal nao era necessário), mas por imagens de fundo reveladoras da intervençao social e política que DJ Shadow pretende transmitir cada vez mais com a sua obra musical.
Com um virtuosismo técnico só ao alcance de muito poucos, DJ Shadow desfruta de uma qualidade de som à prova de tudo (incluindo algum vento que se fazia sentir a essa hora), ao contrário do que sucedeu com a maioria das bandas presentes (e que talvez tenha sido um dos aspectos mais negativos a apontar durante o festival).
Tendo como pressuposto que o melhor álbum de electrónica foi feito por este senhor ("Endtroducing", datado de 1996), é fácil perceber a grandiosidade deste artista.
A mistura deste álbum com as músicas do sucessor "The Private Press" resultou maravilhosa. "Rabbit In Your Headlight", música do projecto conjunto com James Lavelle, UNKLE, apareceu aqui completamente transfigurada, com toques de drum & bass. Foi, de facto, muito positiva a passagem das músicas em nome próprio intercaladas ou misturadas com as do projecto UNKLE (cujo último álbum está já a rodar por aí, "War Stories" de seu nome).
"Organ Donor" foi autenticamente demolidora, com vários arranques até ao verdadeiro êxtase colectivo. Momento maior!
Até aqui, eleito como a actuaçao do dia. Mas ainda estavam para vir uns senhores de Manchester...

- The Twang
Nada de especial a apontar neste concerto deste grupo que parece sacado directamente de Manchester, ano 1989, mas que é, na realidade, da Birmingham dos dias de hoje, a nao ser que decorria ao mesmo tempo que os de The Jesus And Mary Chain e The Gossip. E está tudo dito! Com concorrência assim, nao há quem aguente.

- The Jesus And Mary Chain
Já nao foi mau terem-se apresentado ao público que, em êxtase quase total, esperava pela actuaçao destes escoceses há longos anos. Após o regresso aos cenários no festival californiano Coachella no passado dia 27 de Abril, a expectativa era claramente elevada para saber em que estado musical se encontrava uma das bandas seminais da história da música recente.
Jim Reid até parecia simpático (creio tê-lo visto esboçar um leve sorriso), o que nao significa que nao o seja; talvez seja a "fama" de pouco expansivo que assim o justifique.
Com um cenário em palco entre o negro e o vermelho, perfeito para a paleta sonora pintada por estes senhores de Glasgow, fulcrais para a cena musical "indie" com traços marcantes de "shoegazing". Valem pelo seu reportório único (imenso, nao tanto em quantidade, mas sim em qualidade). E isso é suficiente. Durante a sua turbulenta e algo irregular carreira, os Jesus gravaram peças essencias para o devir da música, como "Psychocandy" (1985), "Darklands" (1987), "Automatic" (1989) e "Honey's Dead" (1992). Nestes álbuns podemos encontrar um sem número de melodias sonâmbulas, distorsao que fere, picos de algum psicadelismo, ritmos programados com pulsaçao pujante, queimaduras de terceiro grau, sexo, religiao, vício e uma sensaçao de perigo que atraía e paralizava qualquer ouvinte. Estes discos serviram para marcar uma década e uma estética sonora durante os anos 80, impondo uma lei de desordem marcadamente "Reidiana".
Curiosidade para comprovar se repetiam o dueto (talvez único) com Scarlett Johansson (presente por estes dias em Barcelona para gravar o novo filme de W. Allen), em "Just Like Honey", tal como sucedera em Coachella.
E nesta altura, o dilema: ver o passado (essencial) da música (The Jesus And Mary Chain), ou o futuro (promissor) da mesma (The Gossip)?

- The Gossip
The Gossip sao um trio vindo do Arkansas (EUA), liderados pela vocalista Beth Ditto e que vieram redimensionar o punk feminista das The Slits e Le Tigre e sao um dos fenómenos do ano, graças sobretudo a esse grande som de "Standing In The Way Of Control".
Beth Ditto é "gigante" e "hiper-cool"! Apesar de ser já uma personagem mediática, tal nao significa que a qualidade da música feita pelo trio norte-americano seja descipiente, antes pelo contrário.
Já com três álbuns debaixo do braço, o último "Standing In The Way Of Control" é sem dúvida aquele que reserva mais expectativas, nomeadamente o single que serve de nome ao disco.
Com uma atitude conscientemente "riot-punk" e um punhado de cançoes excelentes, com um "groove" cativante e completamente viciante, os The Gossip foram um dos vencedores da noite.
Após um início arrebatador com uma "cover"/intro de "Music" de Madonna, é quando se pressentem os primeiros acordes de "Standing In The Way Of Control" que o público entra num motim pacífico. Brilhante final de concerto!
Beth Ditto é já um ícone incontornável (apesar dos seus 22 anos nao o fazer parecer) para muita gente. Onde poderá chegar esta figura?

- Electrelane
Quarteto feminino britânico praticante de pop electrónica com traços variados de algum krautrock de boa casta (Neu!).
Coincidiram com o final dos concertos de The Jesus And Mary Chain e The Gossip, o que em muito contribuiu para que a tenda gigante onde actuavam tivesse o dobro do público que podia albergar.
Entre as Elastica de Justine Frischmann (na atitude), as Chicks On Speed (no "background" feminista e activista) e os Stereolab e, por vezes, as Au Revoir Simone (no tom algo cândido de algumas cançoes, sobretudo as do último "No Shouts No Calls"), as Electrelane sao um dos projectos actuais com mais interesse e que merecem bem a pena uma audiçao cuidada.
Para os que passarem pelo festival de Paredes de Coura na ediçao deste ano, podem ter nova oportunidade de comprovar o talento destas meninas de Brighton e do seu enérgico post-rock.

- Air
A dupla francesa J. B. Dunckel e Nicolas Godin sempre em boa forma (tal como nos habituou desde o seu início, já lá vai mais de uma década).
As melhores cançoes pop (com ambientes por vezes sónicos como "Kelly Watch The Stars", por vezes completamente oníricos como "Le Soleil Est Près De Moi") feitas em França nos últimos anos têm a sua assinatura. A sua electrónica planante é tao delicada, etérea e preciosista que muita gente vê em discos como "Moon Safari" (1998), "Talkie Walkie" (2004) e, sobretudo, na banda-sonora de "The Virgin Suicides" (2000), um passaporte sonoro para abandonar este planeta e começar a voar numa nuvem de algodao perfumado rumo ao infinito.
Ao vivo sao sempre mais que recomendáveis!

- OMD
Mais um grupo mí(s)tico da cena "revival" da elelectro-pop neo-romântica inglesa dos anos 80.
O grupo de Paul Humphreys e Andy McCluskey apresentou um concerto com os clássicos de sempre: da abertura em grande com "Enola Gay", até ao final com o primeiro single lançado pela banda, "Electricity" (editado pela Factory de Tony Wilson), passando por uma das melhores cançoes em formato pop electrónico de sempre "Souvenir" (cuja partilha com o público foi um dos momentos mais altos), deram o mote para um concerto que a banda de Liverpool prometeu repetir em breve em Barcelona.

- Ratatat
Trio de loucos em palco! Na realidade, a base do grupo é o dúo Mike Stroud e Evan Mast, mas é de uma loucura saudável que se trata aqui.
Mike Stroud na guitarra eléctrica, Evan Mast nos sintetizadores e um terceiro elemento no baixo em autêntica (des)harmonia caótica, cujo resultado é completamente surreal. Pop electrónica psicadélica/experimental com laivos de algum "noise" melódico poderá ser uma descriçao aproximada. Fazem lembrar uns Liars (mas menos agressivos) e uns Modest Mouse (em fases rítmicas com melodias fantásticas).
Músicos exímios numa "orgia" sonora algo desordenada, mas que parece sempre ter um fio condutor que cativa cada um dos presentes.
É preciso vê-los e ouvi-los para perceber melhor do que aqui se fala. De Nova Iorque para o mundo: Ratatat!

- Kaiser Chiefs
Início de actuaçao avassalador com o single do primeiro álbum ("Employment" de 2005) "Everyday I Love You Less And Less", a mostrar toda a revolta a ritmo de punk amoroso.
Os Kaiser Chiefs sao já uma banda para multidoes (o que significa que já podem encher estádios); têm cançoes que lhes permitem manter o público em constante delírio e dança.
Com dois álbuns lançados apenas (o último "Yours Truly, Angry Mob" deste ano, menos hooliganesco e bastante mais centrado nas bases melódicas), os Chiefs sao dos melhores intérpretes da cançao pop-rock na versao moderna. Agradeçam-lhes!
"Ruby", "I Predict A Riot" e "Everything Is Average Nowadays" sao verdadeiros hinos que foram cantados e aplaudidos até à exaustao.
Um grande concerto a fechar o palco principal na segunda noite do SUMMERCASE.

- !!!
Tenho para mim (como teoria algo empírica) que todas as bandas que têm duas baterias em palco sao excelentes (exs: Boredoms, Beta Band... e estes !!!).
Poucas bandas formadas neste milénio gozam de uma reputaçao nos seus espectáculos ao vivo como estes nova-iorquinos. Um concerto dos !!! é sinónimo de suor e dança a todo(s) o(s) ritmo(s). Como se de uma sauna transformada em discoteca se tratasse.
O vocalista Nic Offer, trajando os seus calçoes de praia quase ridículos, com os seus trejeitos algo estranhos, move-se convulsivamente. E esses movimentos sao propagados rapidamente a todo o público que vibra efusivamente a cada música deste grupo "enorme" (também pelo número de componentes em cima do palco). O som é funk, é punk, é rock (tudo isto em separado ou ao mesmo tempo); todo ele cheio de muito "groove".
"Myth Takes" veio provar que a prova do difícil segundo álbum só o é para alguns; para os !!!, a alegria e a qualidade contidas no primeiro "Louden Up Now" é aqui mantida, elevando em alguns casos a fasquia do experimentalismo sonoro mais além.
Mais um concerto memorável da melhor banda onomatopaica da história da música!

- The Chemical Brothers
E eis que chegamos ao ponto mais alto de todo o SUMMERCASE 07!
Concerto do outro mundo! Nao é preguiça, é mesmo falta de espaço... (foi a minha única nota escrita no bloco que servia para os apontamentos de cada banda). Mas podia ficar por aqui, porque foi na realidade isso que se passou.
Passada uma semana após a sua actuaçao portentosa, ainda estou a sentir alguns dos efeitos provocados por tamanho acontecimento (e creio que nao passarao tao depressa - venha o próximo concerto desta dupla "química" de Manchester).
Quem esteve lá sabe do que falo. Quem nao esteve, resta-lhes imaginar (ou mais prosaicamente, ir aos sítios do costume na rede global e ter pena de nao ter estado presente).
Os The Chemical Brothers sao a banda perfeita e que melhor exemplifica o próprio conceito de ócio festivaleiro: um reportório ideal para dançar e saltar (seja um adepto do rock ou da electrónica), um dispositivo visual que se pode desfrutar a mais de 200 metros de distância do palco e um poder de atracçao verdadeiramente fora do comum. Tudo isto permite-lhes demonstrar cabalmente ao vivo aquilo que possa ser (algo) discutível em disco. A provar isto, está o último "We Are The Night", a mais recente "poçao mágica" criada por Tom Rowlands e Ed Simmons, que soa ainda melhor ao vivo do que em disco. Com ritmos secos e bem marcados, atravessado por melodias expansivas, "We Are The Night" é um disco que contém frases (breves e muito repetidas) em busca de crescendos nada previsíveis e muito excitantes. Existe como que uma sequenciaçao cinética que confere a todas as cançoes uma envolvente sensaçao de movimento. Para além disso, as colaboraçoes dos Klaxons (em "All Rights Reversed"), Midlake (em "The Pills Won't Help You Now") e do cantautor Willy Mason (em "Battle Scars"), entre outros, sao sinónimos de garantias vocais mais que asseguradas.
E, como os LCD Soundsystem nao tinham tocado a tal melhor cançao deste ano, os Chemical fizeram o enorme favor de nos fazerem "viajar" com esse portento sonoro chamado "Surface To Air".
Se nao existissem os The Chemical Brothers, os programadores de festivais teriam que inventá-los!
Memorável! Para a história (ainda imberbe) do SUMMERCASE!


Nota de fim de post: para além de tudo aquilo que é normal ver nos festivais (cada um saberá do que se trata), este foi o festival onde montes, milhares de "All-Star" (a marca mais vestida/calçada no festival) se concentravam por cada metro quadrado existente. As já clássicas t-shirts de bandas de eleiçao de cada um também abundavam (talvez a tentarem fazer passar a mensagem para um futuro ou alternativo cartaz festivaleiro): dos hiper-utilizados The Clash, Sex Pistols, Ramones e Nirvana, passando por Kraftwerk, Devo, Björk, até Black Flag, AC-DC, Tenacious D e Sigur Rós. Tudo nomes muito respeitáveis, mas nem todos eles muito disponíveis para estas andanças de festivais...

Saturday, July 21, 2007

SUMMERCASE 07 - Impressoes Digitais (I)

A 2ª ediçao do Festival SUMMERCASE vai ficar de certeza na retina e nos ouvidos das largas milhares de pessoas que passaram por lá (nomeadamente em Barcelona, local de que se fala aqui).
Um cartaz com 50 nomes (com a baixa de última hora de Mika, por motivo de doença), repartido por duas noites de forma equilibrada, mantendo uma matriz que se pode resumir da seguinte forma: meia dúzia de nomes como grandes cabeças de cartaz (Arcade Fire, Bloc Party, Kaiser Chiefs, Air...), clássicos intemporais num regresso mais que aguardado (The Jesus And Mary Chain, OMD), confirmaçoes e futuras revelaçoes da cena musical actual (The Gossip, The Pigeon Detectives, Guillemots, The Hidden Cameras, Editors...) e grandes figuras da electrónica (DJ Shadow, LCD Soundsystem, 2manydjs, Chemical Brothers...).
O resultado foi uma enchente massiva de público ávido de presenciar ao vivo todos estes nomes, com muita vontade de festa e com o extra (sem estar, de todo, previsto) de assistir a alguns dos melhores concertos jamais vistos e a autênticos momentos de glória e êxtase (as sensaçoes sentidas ficam à descriçao de cada um).
Foi (de novo) uma aposta claramente vencedora, com (bastantes) resultados memoráveis. Ficam aqui alguns deles.

Sexta, 13

- The Maccabees
Cinco elementos vindos de Brighton em palco a destilarem pura energia e alguma rebeldia sonora, recebida condignamente pelo público presente a essa hora (por volta das 19h30).
Sao uma das novas sensaçoes britânicas (o que por si só nao significa muito), mas estes "putos" que estao em palco têm vontade de "comer" o mundo musical, à conta de "riffs" melódicos acompanhados de uma voz agressiva q.b. (a fazer lembrar, por vezes, Paul Smith, vocalista dos Mäximo Park). O som dos Bloc Party também faz mossa por aqui...
O futuro é já ali ao virar da esquina e espera por eles!

- The Hidden Cameras
Grupo canadiano de fina estirpe liderado por Joel Gibb, cujos elementos em palco (8 + 1 animador que fazia nao sei bem o quê), provocaram a primeira grande festa do dia no palco/terminal E (cuja vista para o Mediterrâneo como pano de fundo era fantástica).
Cançoes pop-rock com um travo de folk, por vezes algo psicadélicas, foram a receita devidamente condimentada para a cerca de 1h30 de espectáculo.
Música para ambiente bucólico, mas que nao destoa no caos urbano (onde foi muito bem recebida).

- Editors
Com pontualidade mais que britânica, às 20h10 os Editors começaram a sua actuaçao, toda ela pautada pelos tons sombrios/festivos (aparente contradiçao assumida pela própria banda de Birmingham) ainda em plena luz do dia.
Com o último álbum "An End Has A Start" ainda acabadinho de sair, os Editors souberam coordenar um alinhamento cheio de bons momentos (como exemplo, "Munich", autêntica ode ao legado Joy Division e ao movimento pós-punk), provocando a primeira enchente no palco principal e o primeiro grande concerto do festival.

-Guillemots
Praticantes de uma pop marcadamente expressionista, os Guillemots tiveram uma actuaçao que teve tanto de entrega por parte da banda, como de aceitaçao estranha por parte de algum do público presente.
O som é elaborado até ao limite, com um resultado que tem tanto de brilhante como de estranho (mas que se vai assimilando progressivamente). Músicas entrecortadas entre si deram um resultado que merece ser visto de novo.

- Lily Allen
Confirmaçao ou nao do "hype" criado à volta desta inglesa, era a expectativa de muita gente que se aglomerava à sua frente e, a julgar pela reacçao da maioria, o "hype" tem mesmo conteúdo e razao de ser.
Artista-chave no panorama "My Space" reinante nos dias que correm, Lily Allen apresentou um concerto repleto de músicas frescas (pertencentes ao seu bem sucedido primeiro disco "Alright, Still", onde funde habilmente refroes pop com refrescantes cadências jamaicanas), a condizer com o seu "look" de vestido branco esvoaçante, num ambiente relaxado e festivo de forma equilibrada e que teve o expoente máximo com o single "Smile", verdadeira música de verao e com super boa onda, seguida de uma excelente versao de "Heart Of Glass" dos Blondie.
Eficaz q.b., mas nao fantástica. Ouve-se bem, o que nao é mau atendendo a algumas críticas menos positivas a esta artista praticante de um reggae/ska, sustentada em palco com um trio de metais e um baixo a fornecerem o "groove" necessário.

- Phoenix
Pela segunda vez a actuarem em Barcelona, os franceses Phoenix apresentaram o seu som de marca, numa linha entre o pop-rock e alguma electrónica dos anos 80.
Demasiada pompa e alguma circunstância podem servir para definir a prestaçao do grupo, com um abuso claro dos "vocoders" nalgumas cançoes, a tocar o irritante.
Têm bastantes seguidores por estas paragens, o que nao quer dizer nada (ou talvez sim, para os elementos da organizaçao). Sao, também, o grupo favorito de Sofia Coppola (nao raras vezes inclui as suas músicas nos seus filmes); o facto do vocalista ser seu marido nao deve ter nada a ver com isto...
Para ouvir, ver e seguir para outro palco (onde actuava a senhora PJ Harvey).

- PJ Harvey
Cheio! Demasiado cheio o palco/terminal (neste caso era uma tenda gigante, que se revelou ser pequena demais) onde PJ Harvey deu o seu único concerto por estes lados (na realidade, os concertos do SUMMERCASE em Madrid e Barcelona foram os únicos anunciados para o corrente ano, com excepçao de outro dado em Manchester alguns dias antes deste que aqui se fala).
Polly Jean a solo! Polly Jean é "grande" e a sua voz (acompanhada por uma guitarra e piano tocados alternadamente por ela) chegam para preencher o palco.
Polly Jean é bela! Polly Jean tem uma presença em palco única, com um charme inigualável.
Polly Jean é um dos animais de palco mais intimidantes, viscerais e perturbantes que o rock viu nascer na última década.
Música em estado puro: voz e guitarra (e as palmas do público).
"4-Track Demos" e "Dry" sao os discos em estado de evidência, em termos de crudeza de som ao longo do concerto. "Rid Of Me" é um daqueles clássicos que vem com a palavra "intemporal". Genial!
O próximo disco, "White Chalk", com data de saída prevista para Setembro próximo, vislumbra uma sonoridade algo mais polida, com o piano e a harpa a serem instrumentos de eleiçao nas novas cançoes.
Em contra: nível de som paupérrimo.

- The Flaming Lips
"Grandes"! Este grupo de Oklahoma é uma das maravilhas do mundo musical. Movem-se num universo muito pessoal criado por esse génio, de nome Wayne Coyne.
Antes foram punks. Hoje sao a quintessência do rock mais emotivo, aquele que atinge directamente o mais profundo de cada um e que faz parar de sentir tudo à nossa volta.
"Finally The Punks Are Taking Acid" e "The Soft Bulletin" sao (apesar de estética e musicalmente diferentes) obras maiores da história recente da música. Os The Flaming Lips, cientes disso mesmo, deram mais um concerto de antologia, onde o seu desempenho (tao festivo como lírico), foi acompanhado pelos já tradicionais baloes gigantes, marcianos, Pai Natal, imagens de Teletubbies e explosoes nucleares e sangue, uma bola gigante (que serviu para Wayne Coyne andar sobre o público) e confetis (muitos confetis) a darem o tom onírico à sua actuaçao.
Confesso: a primeira e a segunda vez que os vi foram experiências únicas (e sem a ajuda de nenhum aditivo mais psicadélico)! A terceira nao foi excepçao.

- The Whitest Boy Alive
Uma das metades dos noruegueses Kings Of Convenience (Erlend Oye) em pose electro-acústica, a debitar algumas das melhores cançoes pop feitas em nome próprio.
Para ver e ouvir noutro local e ambiente mais acolhedores.

- Arcade Fire
Por mais palavras que existam, sao poucas para descrever o que é assistir a um concerto deste "combo" de art-rock, apresentando as suas "tragédias sónicas". A partir daqui estao avisados.
Para muitos, o principal nome de todo o festival. Nao sao velhas glórias nem novas promessas; estes canadianos sao, actualmente e quase sem margem para discussao, a banda contemporânea de rock em melhor estado de forma e que, a cada álbum que lança, escreve uma nova página da história da música. Existem, actualmente, poucos grupos que sejam tao consensuais em relaçao à sua qualidade (quer em disco, quer ao vivo) como os The Arcade Fire (grupo guiado por Win Butler e a esposa Régine Cassagne).
O mais recente "Neon Bible" veio provar à saciedade que "Funeral" nao foi um momento único de criaçao genial por parte deste septeto (que em palco sobe para 10 elementos, num alegre elogio da anarquia e desordem sonora) de Montreal que devolveu uma certa alma perdida à música, condensando décadas de alguma da melhor música popular (do punk ao pós-punk, do blues à folk, passando pelo glam-rock de David Bowie, em cançoes imensas que aliam melodias inflamadas, especialidade de Butler, com arranjos orquestrais que servem a Cassagne para dar rédea solta à sua formaçao clássica). As suas cançoes sao imensas, nao só pela sua excelência, mas também pelo seu "corpo": abrasivas, exuberantes, mais grandes que a vida, assaltando por completo os sentidos de cada um. Os The Arcade Fire sao um caso raro de grandiosidade eloquente no rock. Sao "enormes", em qualquer sentido artístico. Tao simples (ou complexo) como isto!
O impulso dominante no palco é o de uns músicos que intercambiam constantemente e sem nenhum tipo de problema de instrumentos (às vezes dentro da mesma cançao). Vozes, coros, ruídos de megafone, guitarras, pianos, violinos ou xilofones convivem entre si com amor para conseguir algo, no final, parecido a uma catarse colectiva.
Seguramente um dos melhores concertos de todo o SUMMERCASE 07, a actuaçao dos Arcade Fire foi um autêntico monumento no que toca à emoçao colectiva que conseguiram transmitir. As suas músicas (hinos para todo o sempre, acreditem) sao por si só geniais, onde os elementos orquestrais ganham uma dimensao quase indescritível. O conceito de orquestra rock (dado o número de elementos em palco e o tipo de instrumentos tocados) nunca teve uma designaçao tao perfeita.
O título do novo álbum é, porventura, uma fina ironia, na medida em que é de um acontecimento quase bíblico em tons de néon que se trata, quando falamos de um concerto destes senhores. O tom épico e magistral das suas orquestraçoes dao o mote a quase todo o concerto, com um nível tao alto onde é difícil destacar momentos, com direito a um "encore" de duas músicas (completamente insuperável o final com "Wake Up").
Quando se (re)escrever a história da música, a letra "A" vai ter à cabeça os The Arcade Fire. Nao se esqueçam de que estamos a presenciar o nascimento e evoluçao da melhor banda surgida neste século XXI (até à data)!
Toda uma experiência mágica, bela, verdadeiramente indescritível! A repetir vezes sem conta!

- The Pigeon Detectives
O rock está-lhes nas veias em doses mais que apreciáveis; sao mais um dos projectos vindos da fornada rock inglesa que desembarcam na Europa Continental para demonstrar o quao vibrantes sao ao vivo.
Como todos os "hypes" criados (sobretudo por semanários ingleses), há uns que têm mais substância que outros; estes, claramente, têm tudo a seu favor: atitude contagiante, cançoes construídas à medida da voz do seu vocalista (incansável durante toda a performance) e uma vontade de transmitir uma boa onda ao público que têm diante de si.
Depois da ediçao de vários EP's, o jovem quinteto proveniente de Leeds publicou "Wait For Me", álbum que aspira a ocupar o trono da "next big thing" do pop-rock inglês. Promessa brilhante! Kaiser Chiefs e Mäximo Park com concorrência à vista.

- Bloc Party
Com um mar de gente à sua frente, os Bloc Party deram aquele concerto que qualquer fa quer ver e ouvir: os singles mais ouvidos (todos eles potenciais "hits") e uma prestaçao da banda imparável (o que já vem sendo hábito por parte de Kele Okereke e companhia).
No entanto, os Bloc Party (criadores de alguns dos melhores singles nos últimos anos - "Banquet", pertencente ao primeiro "Silent Alarm" é o exemplo mais que perfeito, diga-se o que se disser -), poderao estar a entrar um bocado já naquela fase de "OK. Com músicas deste calibre só precisamos mesmo é de as tocar como estao no disco e já está." Mas essa atitude, que eu chamaria de limbo artístico, pode ser perigosa, na medida em que pode tornar-se maçadora e algo repetitiva para o público.
É nestas alturas que as remisturas (feitas por outros artistas) ou novas versoes (feitas pela própria banda) podem fazer "milagres" pela saúde artística de um projecto.

- LCD Soundsystem
O rock e a electrónica casaram e tiveram um filho: chama-se LCD Soundsystem. E foram felizes para sempre!
James Murphy, pode dizer-se, que é para a música o que Quentin Tarantino é para o cinema: criou um estilo único à custa da "exploraçao" até ao tutano dos seus ídolos, tendo criado duas obras ("LCD Soundsystem" e "Sound Of Silver") que se tornaram em paradigmas da música de dança contemporânea. A artistas deste tipo e com esta visao costumam chamar-lhes génios!
James Murphy e restantes elementos deram, simplesmente, um dos melhores concertos deste festival. Cada música, cada tiro certeiro directamente à zona do cérebro que faz mover o corpo em movimentos espasmódicos de dança incontrolada. Bem hajam!
Início demolidor com "Daft Punk Is Playing At My House"; "North American Scum" seguiu-a em velocidade de cruzeiro e ia provocando um motim controlado. "Tribulations", mais "ácida" que nunca!
Até a tenda gigante "transpirava" quando os primeiros acordes de "Yeah" começaram. Demasiado forte para aguentar e seguir o ritmo. Eletri(o)zante!
Final de concerto com a ode "New York I Love You, But You're Bringing Me Down" em jeito de tributo à cidade que os viu nascer. Só faltou a melhor cançao do ano (até agora), "Someone Great", para ser perfeito!
James Murphy é o "rei-midas" do novo milénio. E ainda só lançou dois discos com os seus Lcd Soundsystem. Tudo o que tenha o seu "toque" mágico ou a chancela DFA é razao de qualidade assegurada.
Punk-funk de boa colheita, com muito ainda para dar!

- Scissor Sisters
A típica banda que ganha em palco aquilo que nao consegue transmitir em disco (apesar de um bom punhado de cançoes divididas pelos dois álbuns editados até à data).
Ana Matronic é uma autêntica líder no palco, juntamente com Jake Shears, transmitindo um clima de festa permanente e muito colorido.
Devido à falta de comparência de Mika, foram os únicos representantes a cantarem em falsete, para deleite dos muitos fas que assistiam em regime de autêntica diversao.
"Take Your Mama Out" é o exemplo acabado de como uma música pode ser muito melhor quando executada em palco. "Confortably Numb"(uma das reconstruçoes mais delirantes da história pop) foi sem dúvida o melhor momento do concerto, com uma roupagem ainda mais electrónica e dançável.
Máxima expressao de grupo festivo "heterofriendly"!

- Amable & Gato
Nao sao uma dupla na real acepçao da palavra (como por exemplo os irmaos Dewaele sao), já que cada um actua a solo, mas aqui os residentes do Razzmatazz (uma das melhores discotecas em Barcelona) fizeram uma sessao a "quatro maos". O resultado foi o do costume, quando enchem as pistas do Razz aos fins de semana, com a mistura cuidada e sempre muito hedonista da melhor electrónica com o rock mais vibrante e dançante. Pelas suas maos passaram músicas de The Gossip, Modest Mouse, LCD Soundsystem, entre outras pérolas do "indie" mais interessante, que "provocaram" os corpos mais pesados (àquela hora da madrugada) a movimentarem-se vigorosamente.
Altamente recomendável (para quem nao vai ao ginásio regularmente, como li um destes dias numa tira de BD)!

- 2manydjs
Esta dupla belga é (quase) sempre igual, ou seja, genial na forma magistral como mistura o impensável (um bom momento, a título de exemplo, o "mash-up" com CSS + Lipps Inc + Tiga).
Os irmaos Dewaele (mentores dos nao menos interessantes Soulwax), sao um caso de sucesso garantido em qualquer sítio que tenha a sua presença.
Já nao sao originais, mas conseguem criar sempre um grande ambiente de festa, e foi isso mesmo que conseguiram no final da primeira dose de SUMMERCASE 07.

Wednesday, July 18, 2007

Errata

Depois de andarmos a citar dados oficiais, antecipamo-nos às autoridades num pedido de desculpas.

A informação citada nos posts seguintes é errónea e/ou desprovida de rigor:

less is more?
Portugueses registados em espanha são já 72.349 na Seguridad Social(66.236 em 2005) / 80.635 (empadronados).

Andorra 2?
Los jóvenes portugueses han escogido Barcelona como uno de los principales destinos para vivir. Esta moda ha hecho aumentar significativamente la presencia de inmigrantes lusitanos en la ciudad. En un año, un millar de personas se dieron de alta en el consulado, situando el colectivo censado en unos 12.500 individuos. "La mayoría son jóvenes con carreras como diseño, arquitectura o informática", ha explicado Bernardo Futscher, cónsul portugués en Barcelona, antes de añadir que "en poco tiempo pensamos que habrá entre 20.000 y 30.000 portugueses en la zona".

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Esta correcção é uma ilação da notícia avançada pelo El Pais relativa ao desmantelar de uma rede que empadronava (autenticar o domicilio em Espanha) ilegalmente e registava no NIE e na Seguridad Social brasileiros com billetes de identidad portugueses falsos. A rede operava fundamentalmente na Catalunha. (o cabecilha* fazia 50 documentos falsos por semanas x 44 envolvidos munidos de tecnologia de ultima geração, é fazer contas)

Ufff! (costas da mão a passar na testa) Folgo em saber que não somos assim tantos...

* não se induzam em erro: o cabecilha é sempre o que trabalha menos na actividade operacional da "empresa".

Monday, July 16, 2007

Post Summercase 07

Na verdade, o dinheiro melhor gasto no que vai de ano.
Eu só fui no sabado, e graças a um bom amigo - Nic Offer, vocalista dos !!!
Vimos juntos um concerto extraordinário pela juventde que resuma: OMD
Incombustíveis, parcem uns "putos" recém chegados a defender um futuro promissor.
Depois, bem, depois foi um duche de energia. !!! talvez sejam a melhor banda ao vivo nos tempos que correm.
A energia do Nic e da Jenny são compulsivas. É impossível deixar de dançar. A alegria que a banda desprende em cima do palco, é absolutamente contagiosa, vê-se que ELES gostam.
Depois, bem, depois o meu mundo deu um salto em frente. Se na 6ª feira, o Peter Greenaway veio fazer de VJ ao Grec, quem viu os Chemical Bros. descobriu o que é uma sessão de VJ a SÉRIO. Genial, é a melhor palavra que me ocorre. Sentado (sim, sentado!) a dois terços de altura do Terminal E, com vista geral sobre o público, a música e as imagens dos CH foram impressionantes - laser, imagens, conexão entre som e imagens, o control do público através dos efeitos combinados.... acho que se não fui o único a ficar sentado...
Em geral, tudo o que vi gostei, mesmo que não fossem coisas do meu agrado. Isto é um festival de primeira divisão.
Quando a organização na semana passada começou a falar de uma "Champions League" de festivais a nível Europeu, se calhar têm razão. Alguns serão Europeus (a quantidade de estrangeiros que vieram de propósito era extraordinária...) e outros serão nacionais, e a grande maioria locais...
Comprem as entradas para o próximo cedissímo... é que o passe de dois dias quando abriram a venda valia 105 € e uma entrada de um dia na bilheteira valeu 85 € !!!!!!
Visca Barcelona. Visca o Summercase.

Wednesday, July 11, 2007

SUMMERCASE 07

Estupenda ideia para um festival que vai apenas na segunda ediçao,mas que é já uma certeza em termos de qualidade e reputação no roteiro dos festivais de verão, o Summercase, festival eminentemente urbano e hedonista, jovem e radiante e que é já o favorito de muita gente (com realização simultânea em Madrid e Barcelona nos dias 13 e 14 de Julho,com as bandas/artistas a alternarem as suas actuaçoes nos dois locais)continua a sua aposta num cartaz de qualidade acima da média, misturando autênticos ícones da cultura musical passada e recente.

Após a primeira edição cheia de sucesso (por lá passaram nomes míticos como Daft Punk, em data única em Espanha, Massive Attack e New Order, ou ainda bandas do calibre de The Dandy Warhols, The Divine Comedy ou Happy Mondays, bem como artistas a solo como Rufus Wainwright ou Adam Green – este último com uma actuaçao completamente surreal -). Para além destes nomes todos (como se não bastassem já por si só), o panorama "indie" ficou bem recheado com The Long Blondes, Midlake, Shout Out Louds, The Spinto Band, etc. Estes nomes atraíram cerca de 44.000 pessoas. Este ano, a organização espera superar este número.

Para tal, do cartaz apresentado, há a destacar (sem qualquer ordem de eleição) os nomes de The Chemical Brothers (cujo último álbum "We Are The Night" será apresentado em primeira mão por estes lados), The Jesus And Mary Chain (o regresso mais que aguardado desta banda seminal da história recente da música), PJ Harvey (em data única em Espanha), Arcade Fire (em promoção do excelente segundo álbum "Neon Bible"), Jarvis Cocker (ex-vocalista dos Pulp e presença assídua por estas paragens), Bloc Party (provavelmente, uma das bandas mais excitantes para ver ao vivo, também em divulgação do seu segundo longa duração "A Weekend In The City").

Convém não perder nomes tão interessantes (que irão ser grandes, assim o tempo o dirá) como The Gossip (com a vocalista mais "cool" do momento, Beth Ditto), 1990's
(banda a ouvir com atenção), !!! (com o seu punk-funk sempre festivo), o regresso curioso dos Orchestral Manouevres In The Dark (OMD), LCD Soundsystem (mais uma presença do senhor James Murphy para mostrar de que pergaminhos se cose o seu último "Sound Of Silver"), The Flaming Lips (com o seu universo cheio de balões e confetis, sempre uma surpresa agradável e não raras vezes inesquecível), Kaiser Chiefs (sem sombra de dúvida, fazedores de algumas das melhores canções em formato
pop da actualidade)... E o rol de nomes poderia continuar, tamanha a quantidade e qualidade dos mesmos.

Para a organização do festival, na pessoa da responsável de comunicação, convém não perder (para além dos cabeças de cartaz), grupos como How I Became The Bomb e Pigeon Detectives, nomes que no circuito mais alternativo são já confirmações com um futuro
auspicioso.

Um festival com nomes grandes da cena musical mundial misturados com outros bem interessantes da cena independente, sem sair de casa com a tenda às costas e com a comodidade (para muitos) de poder voltar a casa para descansar depois dos concertos. Tudo isto no Summercase!

Monday, July 09, 2007

no chão do elevador 4 pares de sapatos vela castanhos
todos excepto os meus, assustei-me.
subi ao espelho e nao vos vi.

g de lx

Wednesday, July 04, 2007

TV On The Radio + El Perro Del Mar (Apolo, 3/07/07)

A diferença entre um bom concerto (primeira parte a cargo da cantautora sueca Sarah Assbring, com o nome artístico espanhol El Perro Del Mar) e um concerto genial (os nova-iorquinos e cabeças de cartaz TV On The Radio), pode passar por muitos aspectos: para mim (que ainda estou com os ouvidos a "tripar" com o som da fantástica "Wolf Like Me"), essa linha (por vezes ténue, mas difícil de ultrapassar) é a que nos faz pensar (e sentir) que nunca tinhamos estado perante nada deste tipo de banda (ok, posso ajudar os mais incautos que se misturarem bem as melodias de uns Yo La Tengo, os devaneios e paredes sonoras de uns Mogwai, e um vocalista "gigante" a fazer lembrar um Kele Okereke dos Bloc Party, mas para melhor, começam a ficar com uma ideia do que são estes senhores em palco, já que em disco, a aclamação é por demais evidente). Chegar a casa, depois de cerca de hora e meia em plena "viagem sonora" (que soube a pouco) pelo universo único deste grupo, faz-nos pensar que algo de genial deverá ter sucedido. É por estes (e outros) momentos de autêntico deleite sonoro, que vale a pena estar atento e aproveitar tamanha capacidade de transmitir uma energia (quase sufocante), cujo resultado pode ser vertiginoso.
Directamente para a galeria de melhores concertos vistos!

No contraponto (em termos de energia), El Perro Del Mar apresentou-se com a sua guitarra acústica, a sua voz de veludo, as suas canções folk de embalar e fazer sonhar. Talvez contraditória esta primeira parte, mas o facto é que os TV On The Radio lhe dedicaram um dos momentos altos da noite, com uma versão muito própria de um clássico da "soul", com um dos guitarristas a fazer de "beatboxer". Fantástico!

Monday, July 02, 2007

Bom Conselho

parece que agora é mesmo a sério. há muito que a sopa já saíu da panela e desta cozinha já ninguem janta. depois de passarmos o milenio, vermos torres a ruir, shuttles a explodir e guerras a mentir, acho que nao estamos longe de que isto por cá rebente fruto da ignorancia politica, a avareza desmedida, interesses, cunhas e desresponsabilizacao! Que assim seja para bem das geracoes vindoras. talvez desta vez seja um blog a dar o mote da revolucao. por favor, nao se deixem dormir e nao deixem que vos injectem analgésicos de raptos de meninas e transferencias de futebol. agora é a sério... 25 ábrir sempre!

G - correspondente em Lisboa




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Bom Conselho (Chico Buarque)

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança

Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade

Sunday, July 01, 2007

O melhor espanhol de sempre

Aqui em Espanha, tal como em Portugal, um canal de televisao (que nao me ocorre agora)decidiu escolher a personalidade que mais se destacou em toda a história do país.
Pelos vistos, nem sempre os maus exemplos sao de evitar...
Em Portugal, o povo (sempre o povo!), que é sereno e sábio (!) escolheu a figura de Salazar (tao em voga ultimamente, nao sei bem por quê). Curiosamente (ou nem tanto), a mesma figura foi a vencedora também, mas noutro programa de seu nome "O Pior Português de Sempre". Justiça feita ou reposiçao da verdade histórica, dirao alguns; Portugal precisava era de um Salazar em cada esquina, vociferarao porventura outros.
Por estas bandas, já estou a imaginar a luta renhida entre Franco e Carrillo Blanco, Julián Muñoz e Baltazar Garzón, Gil e Gil e António Gala, La Pantoja e David Bisbal, o Naranjito e o Rei D. Juan Carlos... (exemplos aleatórios e tao estúpidos como o próprio programa).

Representantes da pátria hispânica, digam de vossa (in)justiça neste espaço (que também é vosso), que também fala a língua de Cervantes mas com cerrado sotaque Camoniano - um grande espanhol e um grande português respectivamente, já agora...